Abraços Sem Status

Porque a vida é mesmo assim, cheia de pessoas e destinos que se traçam por trilhos difíceis. Crescemos com a buzina no ouvido de que temos de nascer vencedores e que a competição é algo saudável; vivemos de etapas e escalões, de subidas difíceis e descidas a pique, muitas vezes só porque a imposição do que supostamente é “ser grande” acarreta.

As pessoas querem sempre mais e o Mundo não chega para os ambiciosos. É preciso sorrir quando um degrau se sobe e não fincar os dentes e continuar sem a gratidão do que foi alcançado. Eu sempre fui de choradeiras e abraços sentidos, e no alcance de uma meta, esses encaixam na perfeição.

Mas não…fiquemos bem na foto e recebamos a medalha com honra e prestígio, foquemos a câmara e deixemos que as redes sociais façam o resto.

Como se a verdadeira vitória não fosse chegar a casa e extravasar, gritar que conseguimos e se a alma assim nos pedir, chorar. Dizem que tudo que é difícil e se faz sozinho tem um gosto especial no fim. Balelas; tudo que é feito connosco, só por nós, custa que nem um inferno, e por isso choramos no fim. Porque só nós sabemos o que doeu, quantas horas de sono fugiram e quantas manhãs a café aguentamos para lá chegar. O fim não tem um sabor feliz; é custoso e cheira a suor, mas o facto de cortar “a fita” e mostrar que somos de carne e osso, chorar e gritar, espernear e sorrir, faz de nós pessoas normais. Das que vivem na Terra, não na Lua da imposição e do status. E viver na Terra minha gente, é do melhor que há.