O Adão disse à Eva: Um dia…marchas!

Engane-se o leitor que pensa que os flirts são da civilização moderna, da insatisfação pessoal da sociedade nos dias de hoje, e da facilidade de envolvimento através das novas tecnologias. O flirt, engate, coiso, atracção, caso, chamem-lhe o que quiserem, já é antigo e vem do tempo em que Adão e Eva viviam no Jardim Éden, na Terra. Católicos ou não, ateus ou não, estas e outras historias tem sido contadas e ensinadas ao longo dos tempos.

Adão e Eva viviam no Jardim Éden, não tinham completamente nada a não ser o raio de uma árvore com frutos a que chamavam tentação, e além de não terem nada também não faziam absolutamente nada. Entre Adão e Eva havia um clima, aquela tal atracção que todos nós gostamos de sentir de vez em quando, então Adão um dia pensou: Ora bem, eu estou aqui sozinho com esta gaja, não é que ela faça bem o meu género, eu gosto mais de loiras, mas vou arrastar a asa e um dia ela vai marchar, estou aqui a passar uma fome do caneco, nem o raio de uma maça posso comer porque, tenho um tipo chamado Deus de sentinela, à espera que eu morda o isco, para me condenar e condenar a humanidade para todo o sempre, mas o único isco que eu vou morder vai ser o da Eva. Esta, por sua vez, não só sentia um fraquinho valente por Adão, como já se imaginava a casar e a ter filhos, desde esse tempo que as mulheres já eram umas burras e excessivamente sonhadoras. Obviamente que os dois sozinhos naquele jardim acabariam por se envolver, até nem deu muito trabalho porque nem foi preciso tirar camisolas, cuecas e meias porque eles andavam sempre nus. O certo é que a coisa descambou, que é o que normalmente acontece num flirt. Deus assistiu a tudo e não gostou, porque achou a cena muito romântica e Ele queria uma cena mais erótica, e condenou toda a humanidade a pensamentos pecaminosos e deliciosos até ao final dos tempos.

Nos dias de hoje, o flirt ainda existe, mas afinal o que é um flirt? Alguém me disse, há alguns anos atrás, nunca digas nunca, aquilo que pensas aos vinte não será o que pensas aos trinta, porque até lá acumulas vivências que vão mudar a tua opinião. Um flirt é quando conheces alguém, seja aonde for, local de trabalho, ginásio, supermercado, café e bares habituais, redes sociais, que de alguma forma te atrai e essa atracção é mútua. A pessoa em questão pode nem fazer o nosso género, mas há qualquer coisa nele/a que mexe contigo, o olhar, o sorriso, a postura, a forma de falar, o corpo, a forma como ri e sorri, como mexe no cabelo, o relógio que tem no pulso, as calças que assentam que nem uma luva, qualquer coisa que te desperta e faz com que seja inevitável fantasiar com a pessoa. Um flirt não tem necessariamente de ser sexual, nem precisa de terminar em sexo, mas torna-se mais apelativo se assim o for. Se vais flirtar com uma pessoa só porque a achas simpática, então isso não é flirtar mas sim vontade de fazer amizades. Se vais engatar a fulana do café só para ver no que dá, isso não é um flirt, a isso chama-se tudo o que vem à rede é peixe. Ter um flirt não é tão serio como namorar, mas também não é tão frio com ter um caso, ter um flirt é algo especial. E torna-se especial porque naqueles momentos de troca de olhares, de troca de mensagens, de sorrisos mútuos, de partilha de fantasias e confidencias, tu sentes-te com o ego preenchido, com a auto-estima ao rubro, com a energia sexual e intelectual no pico mais alto e estas sensações são cruciais para o ser humano. E tudo o que escrevi até agora é correcto, não magoa ninguém nem coloca uma relação em causa, porque és solteiro/a. E se fores casada/o?

Continua…