Adultério, de Paulo Coelho – A traição e redenção

“Se não foi bom, não digas nada, porque amanhã pode ser melhor. Afinal, estamos casados, temos a vida inteira à nossa frente.”

Estou farta das mulheres sonsas, das mulheres perfeitas, fiéis e angelicais, que falam do marido como se fosse uma espécie de Deus na terra, mesmo que ele seja um sacana de primeira. Somos educadas a amar incondicionalmente, a respeitar incondicionalmente e a sofrer incondicionalmente. Porra, que puta de vida, deixei de usar o incondicionalmente no meu dicionário há uns anos atrás. As mulheres a sério não traem, já ouvi tantas vezes a lengalenga, dessa agua nunca beberei, mas são estas que quando o marido lhes faz sexo oral, pensam no segurança do metro para conseguirem ter um orgasmo, as mulheres certinhas nem olham para o jeitoso que passa por elas, tal é a imensidão da pala que carregam nos olhos, mas quando estão a comer o marido pensam no colega de trabalho, que até é feio de dar dó, mas só um olá dele as derrete todas. As mulheres sonsas não falam de sexo, não gostam de sexo e criticam as mulheres que o fazem, mas vasculham o telemóvel do cônjuge à procura de uma Anabela disfarçada de António, porque a desconfiança é prima da culpa.

“Já há algum tempo que não temos uma relação sexual intensa. Num relacionamento saudável, isso é mais necessário para a estabilidade do casal do que fazer planos para o futuro ou falar sobre os filhos.”

Não há uniões perfeitas, ponto. E quanto mais perfeito vos parece, menos o é. O declaro-vos marido e mulher é uma tanga para inglês ver. E se no inicio o sexo é tanto que até doí, e todos os defeitos do amado se evaporam no meio de tantos orgasmos, ao fim de cinco, oito, dez anos e por aí adiante, a coisa azeda, a distancia na cama ( e fora dela ) chega a ser tanta, que um belo dia um dos dois acaba por cair do lado que dorme. Sejamos honestos, um ano tem 365 dias, é impossível estarmos todos os dias apaixonadíssimas (os) pelos nossos maridos/mulheres, podemos nos apaixonar cinco ou seis vezes, um jantar, um fim-de-semana romântico, uma noite num motel, uns copitos a mais juntos, umas idas à loja de artigos sexuais, para os mais arrojados umas tardes de swing, mas esqueçam o friozinho na barriga, os sonhos molhados e os olhares de lince e leoa, isso ficou lá bem atrás e já não volta. O amor, maldito amor, somos amados e como nos disseram que isso era  a melhor coisa do mundo, nós nos conformamos, mas só o amor não chega. Encontraste a tua alma gémea? Olha meu, irmã gémea não tenho sou filha única, e a alma já a vendi ao diabo, percebes? 

“…ele só quer usar-me. Isso não me incomoda, desde que as coisas fiquem bem claras. Também tenho de levar alguém para a cama.”

Há uns anos atrás, alguém me disse que era normal se o meu companheiro tivesse outras mulheres, e eu tinha de compreender isso. Nunca mais falei para essa pessoa. Agora, com mais discernimento e maturidade, penso que é capaz de essa pessoa ter razão. Dizem que os homens são mais carnais, logo menos emocionais, biologicamente falando os homens não tem aptidão para resistir. Mas sabem leitores, homens e mulheres sentem exactamente a mesma vontade, a única diferença é que as mulheres têm mais auto controlo. Se isso é bom ou mau? Para mim tanto me faz, não vivo de teorias. A protagonista do livro, a Linda, também amava o marido, mas apaixonou-se perdidamente pelo amante, nem com as luzes vermelhas de alerta a piscar no seu subconsciente a impediram, aparentemente ela tinha tudo, inclusive muito amor e confiança…faltava-lhe o friozinho na barriga.

“Sinto-me enojada. Esperei tanto tempo para me comportar como uma tigresa e acabei por ser usada como uma égua.”

Jacob era o nome do amante, um experiente coleccionador de mulheres, também ele se sentia infeliz com a esposa, afinal os semelhantes atraem-se (aonde é que eu já ouvi isto?) e se o primeiro encontro resultou num curto sexo oral, o segundo terminou num angustiante mas ao mesmo tempo excitante sexo anal. Algo que ela raramente fazia com o marido. E só bastou a pergunta: És feliz? para que Linda se apaixonasse. Parece-vos descabido leitores? Não está longe da realidade.

Linda enganou-se, achou que só queria sexo e aventura de Jacob, que podia parar quando bem entendesse, mas deu por si a querer mais. As mulheres ficam completamente perdidas quando se apaixonam perdidamente pelos amantes. É um perigo para a alma, quando damos por nós, estamos a descarrilar pelo desfiladeiro do coração a alta velocidade. Mas as mulheres são assim, emocionais, românticas, altamente sensíveis e voláteis, temos o príncipe encantado em casa e andamos a ser comidas pelo lobo mau, se tivermos um lobo mau em casa, vamos desejar um príncipe encantado, raios partam as fantasias das mulheres. Um dia acabou, teve de ser, todos os casos tem de ter um ponto final. Mas a vida não é feita de acasos, assim como Paulo Coelho afirma, eu também concordo, nada acontece por acaso, nem ninguém passa na nossa vida por engano.

“É possível educarmos-nos para amar o homem certo? Claro que sim. O problema é conseguir esquecer o homem errado, que entrou sem pedir licença porque estava a passar e viu que a porta estava aberta.”