Deixa para amanhã…se amanhã ainda cá estiveres – parte 2

Estou aqui, estou viva, estou bem. Quantos de nós fazem esse exercício mental todos os dias? Quantos de nós agradecem a bênção que têm em suas vidas? Quantos de nós param no seu dia a dia agitado para ouvir o som do silencio? Quantos de nós pensam hoje que amanhã podem já não estar aqui?

Quando estamos doentes e incapacitados é que, temos a noção que o tempo é efémero, só pensamos: quem me dera poder tomar aquele cafezito a meio da manhã, quem me dera poder jantar com os meus filhos no conforto da minha casa, quem me dera poder sentar no sofá a ler um livro…coisas tão banais do dia-a-dia, que não nos damos conta do quanto são preciosas e imprescindíveis na nossa vida. Foi assim que me senti na cadeira, da sala de espera no hospital, mortal e carente, não sabia se o dia de amanhã chegaria…mas nunca sabemos,certo? Na realidade não precisamos de estar numa cadeira do hospital para constatarmos esse facto: o homem pode ter controlo sobre demasiadas coisas, nomeadamente na área da saúde, tecnologias, fronteiras, até controlo do próprio homem, mas jamais controlará duas coisas intrínsecas na vida – o tempo e a morte –  não há nada que se invente neste mundo que faça os minutos pararem, os segundos bloquearem, as horas não passarem. Não há nada que se invente neste mundo que possa inverter a morte, por mais misticismo que exista, não há nada que possam inventar neste mundo que, nos indique exactamente em que dia vamos morrer e a forma como vamos morrer.

Há alguns anos atrás, conheci uma pessoa que, me afirmou que as nossas vidas estavam destinadas e escritas nas estrelas, disse-me também que, a forma como nascíamos era a forma como morríamos e assim sucessivamente nas nossas reencarnações ( por exemplo, eu nasci com falta de ar, portanto, na minha vida anterior eu morri com falta de ar ), sou uma pessoa com fé, não no Deus que nos ensinaram, mas fé no meu próprio Deus, acredito em vidas passadas, em almas gémeas, no destino, em encontros destinados, no nada acontece por acaso, alias, as historias que já li, ouvi e presenciei provam em parte isso mesmo. Mas ter fé não chega. Acreditar em algo mais poderoso que nós não é suficiente, porque se assim fosse, então porque aproveitamos tão mal o nosso tempo? Porquê é que não rimos mais e sofremos menos? Porque é que o mundo está de pernas para o ar e as pessoas estão a enlouquecer? Até o planeta Terra tem o seu tempo de acabar, então porque estamos a esgotar todos os seus recursos naturais, e a criar guerras sem precedentes, contra humanos que são tão humanos e merecedores de paz como nós? Porque é que perdemos tempo e saúde com merdas estúpidas e desnecessárias? Porque deixamos para um dia destes, as coisas boas que gostaríamos de fazer ainda hoje? Aquele beijo que ficou por dar, as palavras que ficaram por dizer, o passeio à beira-mar que não chegou a acontecer, a gargalhada que deixaste para depois, o sim que não chegaste a ouvir…tudo para um dia que não tens a certeza que vai existir.

“O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que se chama presente.

Panda Kung Fu, filme de desenhos animados”

Leitores, o que fariam hoje se não houvesse o amanhã?