Angel

Angel. Era como devia chamar-se “Angie”, a balada romântica dos Rolling Stones, que devia servir para dar a conhecer ao mundo, o benefício atribuído ao autor, de tê-la conhecido.

Um prodígio de rabo-de-cavalo loiro, eis como a definiria a quem pudesse do termo “maravilhosamente perfeita” não conhecer o significado. Ou para melhor se perceber, um anjo de asas douradas, refletindo na sua superfície a cor do sol, devido a tão grande altitude conseguir voar, aproximando-se de perto do astro rei.

Lamento não conhecê-la melhor, tão bem que me permitisse apresentá-la às outras pessoas, enunciando, além da beleza, aquelas que seriam as suas principais virtudes.

Via-a com um ar decidido e devia gostar de provocar-nos com um sorriso afável, que era provavelmente apenas mais uma maneira de mostrar o que podia fazer para começarmos excelentemente o dia.

Media bem menos de um palmo em altura em relação a mim, mas ultrapassava-me a grande distância, em matéria se saber como marcar presença em grupo, para agradar às outras pessoas.

Era divertida e vestia-se discretamente, mas com a elegância de quem usando um simples vestido, pode ditar uma moda que acabe com a venda das calças de ganga.

É simplesmente por Angel que a tratam os nossos amigos comuns, mas já algum namorado, na intimidade, lhe deve ter dito, a pensar no momento de voltarem a estar juntos em casa dela, que era somente a ela que por querida, voltaria a tratar alguma mulher.

Angel é o autorretrato de uma mulher onde está de volta o bom gosto e permanece subjacente um olhar subtil, que é por onde mais tarde gostaria de ser lembrada, sem nada a opor a que a algum cronista apeteça construir envolvendo o seu nome, uma narrativa que deva chamar-se Angel e ser mais um capítulo das lendas de Xerazade, incluídas nas histórias das mil e uma noites.