Cameron: five more years

O primeiro-ministro britânico David Cameron e o seu Partido Conservador obtiveram uma vitória expressiva nas eleições parlamentares britânicas, que decorreram ontem, 7 de Maio.

Contra as expectativas de um certame eleitoral dominado pela proximidade de votos entre os Conservadores de Cameron e os Trabalhistas de Ed Miliband, os “tories” actualmente no governo lá se manterão por mais cinco anos, e provavelmente assegurando apoio dos Liberais-democratas para esse efeito.

O terceiro partido mais votado, os nacionalistas escoceses (de esquerda), conseguem aumentar em mais de cinquenta lugares a sua presença no parlamento, conseguindo assim “vingar” a derrota no referendo à independência da Escócia, e punir a proactividade de Miliband na defesa do Não à independência, de resto estando ao lado de Cameron. E isso os escoceses não perdoaram a Miliband, que assim votam num partido muito mais à esquerda que os Trabalhistas, mas sobretudo nacionalista. E assim os votantes escoceses ofereceram quase a totalidade dos lugares aos nacionalistas, retirando à volta de 40 lugares aos Trabalhistas.

Assim sendo, anunciados os vencedores, abordemos então os derrotados. Primeiro, os Trabalhistas, pois perderam em muito face às últimas eleições de 2010, e desceram vertiginosamente face às previsões das sondagens, que os colocavam taco-a-taco dos “tories”. Em segundo lugar, os Liberais-democratas foram copiosamente derrotados. Perderam mais de 40 lugares no parlamento, e só por milagre ainda se mantêm representados. Cameron conseguiu esvaziar os Lib-Dem, parceiros de coligação, e aproximou-se (muito, mesmo) de uma maioria absoluta.

O voto útil terá sido ainda uma ideia bastante presente na cabeça dos eleitores. Oferecer mais um mandato a Cameron pareceu mais sensato do que entregar a Miliband a alternativa de governo, ou até mesmo votar em pequenos partidos. Desta vez, os britânicos quiseram fazer a diferença com o seu voto e ser objectivos quanto a quem queriam como primeiro-ministro.

Cameron, o vencedor das eleições britânicas, conseguiu resgatar a “velha albion”com um modelo económico muito semelhante ao usado por Margaret Tatcher, histórica conservadora ex-primeira-ministra britânica, ao fazer os fluxos económicos irem desde o topo, desde a cúpula da economia, até ao fundo, passando pela classe média, que sendo robusta, conseguiu reter grande parte do que lhe seria esperado reter dessa parte do bolo financeiro.

Cameron ganhou, portanto, em todas as frentes. Por dois motivos: já tinha ganho o referendo à independência da Escócia e ganhou igualmente a batalha da recuperação económica britânica. A astúcia de David Cameron, um homem por quem nutro simpatia pessoal, pois parece-me ser bastante autêntico e sincero no face-a-face com as pessoas, evidenciou-se ao ter conseguido proteger a Grã-Bretanha da instabilidade dos mercados dos países da zona Euro, e de ter assumido com coragem um referendo à independência da Escócia em condições face a si mesmo muito adversas e, que ainda assim, conseguiu vencer.

Cameron: five more years!