A minha amiga Joana descobriu, há algum tempo atrás, que o marido era infiel. Após, intencionalmente, ter conhecido a amante do cônjuge, ela escreveu-lhe uma carta, à qual eu tive a sorte de ter acesso, é essa mesma carta que transcrevo aqui hoje…
” Olá, não sabia exactamente com que palavra iniciar esta carta, mas acho que um simples Olá é a forma mais cordial de começar. Quando li a primeira mensagem comprometedora no telemóvel do Ricardo, já muitos lençóis engelhados vocês tinham deixado e muitas juras de amor tinham trocado, foi uma mensagem entre centenas. Foi um descuido dele, e um sexto sentido meu, que só a mulher consegue ter. Se chorei quando li a mensagem? Claro, nesse dia e nos dias que se seguiram…até ao dia em que te conheci. Eu estava muito ansiosa por te conhecer. Suponho que muitas mulheres nunca chegam a conhecer as varias amantes dos maridos, não sei se isso é bom ou mau ( como diz o velho ditado: “coração que não vê, coração que não sente” ), mas para mim foi bom. Imaginava-te uma mulher estonteante, morena, alta, com umas boas pernas e um belo par de mamas, imaginava-te uma mulher que fazia qualquer homem virar o pescoço por onde quer que passasses, imaginava-te de sorriso cativante e de olhar atractivo. Imaginava-te uma mulher que facilmente seduzia um homem. Eu chorava em casa quando me via ao espelho…será que é por causa de ter engordado? Será que ele não me deseja mais? Será das olheiras? Será da falta de paciência e das constantes discussões? Será da falta de tempo ou da falta de interesse em aproveitarmos o nosso tempo? Será dos quinze anos de casamento? Será da monotonia, da rotina, do cansaço? Será da falta de lingerie nova? Tantas duvidas entre tantas lágrimas. Mas depois conheci-te. Tu não vales nada, não és de todo uma mulher interessante, não és nada o mulherão que eu imaginei! Quando te vi, ao longe e depois mais perto, o meu primeiro pensamento foi: É esta mulher pelo qual o meu marido me deixa sozinha, à noite, varias vezes, com a desculpa de quem tem trabalho acumulado no escritório? É esta a mulher que o faz estar sempre agarrado ao telemóvel, com medo que eu descubra a sua infidelidade? É esta a mulher que o faz perder, largos minutos, na casa-de-banho a arranjar-se?
Recordo-me perfeitamente dessa noite. Vocês os dois estavam no restaurante, perto de um motel, estavam animadamente a conversar, mão dada debaixo da mesa, olhares comprometedores…eu dirigi-me à vossa mesa, e disse Olá Ricardo, ele ficou tão pálido, sem expressão, o sorriso de há uns minutos atrás fulminou , ele não disse nada. Eu olhei para ti, com o sorriso mais amável possível, cumprimentei a amante do meu marido: Olá, eu sou a Teresa, irmã do Ricardo. Prazer. Tu levantaste-te da cadeira e com um grande sorriso disseste: Olá, o prazer é meu, eu sou a Cláudia, amiga do Ricardo. Eu rematei: Bem, estou com bastante pressa, estou à espera do meu marido para jantar noutro restaurante, mas vi-vos lá fora ao passar. Bom jantar, foi um prazer conhecer-te Cláudia, depois falamos mano.
Saí do local desolada mas conformada, percebi a tua reacção normalíssima ao dar de caras comigo, feliz até, ele mentiu-te, disse que estava prestes a separar-se da mulher, há meses que andava a pensar no divórcio, que já não a amava, que estava completamente apaixonado por ti, que queria viver contigo o mais rápido possível, para teres calma que os divórcios são complicados e demoram sempre algum tempo, que já não fazia amor com ela há mais de seis meses ( o tempo que vocês andam a foder um com o outro ), mas sabes que mais? Ainda ontem eu levei-o para a cama, fizemos amor e não me pareceu nada que ele tivesse sido obrigado a tal. Achas mesmo que vocês são alma gémea? Que vão casar e viver numa casa à beira-mar? Acreditas mesmo nas merdas românticas que ele te diz, quando acaba de se vir em cima de ti? Tretas. Ele não vai a lado nenhum contigo, ele vai continuar casado comigo, ele garantiu-me isso mesmo quando chegou a casa na noite do restaurante, chorou que se fartou e pediu-me perdão, disse que estava arrependido e que me traiu sem pensar, que não vai voltar a acontecer, por isso é que ele não te ligou nestes últimos dias, mas vai ligar novamente, porque o tesão não aguenta. O tesão é a única coisa que ele sente por ti, o tesão é intenso mas passa, é como uma tempestade, intensa mas curta, não é paixão, e muito menos amor. Sentis-te a falta dele nestes dias? Não tanto como eu nestes últimos seis meses. Nem me interessa saber a tua historia de vida, se é a primeira vez que andas com um homem casado, se já foste traída também, se tens filhos e família, se andas a comer três ou quatro ao mesmo tempo, não quero saber, porque em breve vais ser mera lembrança na minha vida. Achavas mesmo que ias ser a mãe dos filhos dele? Que ias ser a mulher dele? Eu sou a mulher dele. Tu tens ar de puta, não serves para ser mulher de homem nenhum. És boa na cama mas isso não é suficiente. Eu também sou boa na cama, mas o tesão pela novidade arrebenta com qualquer casamento. Ele vai-te ligar, vão para a cama mais duas ou três vezes, agora com menos tesão porque, a mulher descobriu a traição e assim não sabe tão bem, a culpa desgasta a vontade. Depois da última foda ele vai dizer-te que não dá mais, que gosta muito de ti, mas a mulher está a sofrer muito, está muito deprimida e precisa muito dele neste momento. Despedem-se com a frase típica: Esta foi a última vez que nos vimos. Gostei de te conhecer.
Provavelmente pensas que eu sou uma mulher infeliz, sem auto-estima, nem amor próprio, por aceitar um marido infiel, mas enganas-te redondamente, eu sou uma mulher cheia de sorte, sou casada com o homem que eu amo, gosto muito de mim, sei perdoar, sei o que é o verdadeiro amor, nunca precisei de me envolver com ninguém para provar o que quer que fosse a mim mesma, sou segura e transparente nos meus actos. Tu é que és uma mulher fraca, foste para a cama com um homem casado, confundis-te o tesão com amor, tão estúpida, tão fácil, deu-te uma cantada de merda e tu lá foste, dar o teu corpo e prazer a um homem que já tinha as mãos suadas pela mulher. Não te iludas ao pensares que eu estou de alguma forma a impedir o divórcio, que estou com alguma arma apontada à sua cabeça a implorar para ele ficar a meu lado. Ele pode ir embora quando quiser, hoje mesmo, mas ele não quer, ele sabe que eu sou feliz com ele mas sem ele também.
Cumprimentos,
Joana S.”
Ola Joana, pelo que li já estás mais calma e isso e bom, bjs.
Joana, que bom que você conseguiu superar e dar a volta por cima…
Muito verdadeiro o que você falou, em especial esse último parágrafo… concordo 100%