De malas e bagagens, outra vez – Maria João Costa

E de repente, de um dia para o outro, voltamos a fazer as malas, a encher as arcas com comida da mãe, e a ter como melhor amigo o banco do autocarro. Voltamos a ver os amigos ao fim-de-semana, e como é verão, atualizamos o feed do facebook com estados de fazer inveja a quem trabalha.

E quando isto acontece, temos que fazer cedências e perceber o que é realmente importante: ficar no conforto do lar dos pais sem contas para pagar, e com festas e amigos à porta de casa; ou acreditar que mais uns meses ou um ano de viagens semanais é uma janela aberta para conseguir chegar a onde sempre se quis estar.

A mala já se faz sozinha, os amigos que fizemos por lá dão uma grande ajuda quando é preciso encontrar um novo lar “Eu tenho um quarto cá em casa, vem para cá”, a mãe não se cansa de repetir os mesmos conselhos, mesmo que o bilhete de identidade mostre que já estamos velhos, para ela somos sempre pequeninos. Os amigos prometem fazer uma visita, (prometem sempre), e o cão vai sentir a falta de quem o levava a passear todas as manhãs.

A esteticista vai ter que ser agendada todas as semanas, as compras para a despensa também se fazem no norte, fica mais barato no final do mês, e todos os euros contam.

A mãe, o pai e a irmã prometem fazer uma visita, mas acabam por ir apenas uma vez, a primeira vez, quando o autocarro não pode com tantas malas e com tantos congelados. A piolha, a mais nova da família, não gosta de viagens com percurso superior a cinco minutos, mas outros valores se levantam, a irmã vai para Lisboa e a loja os One Direction está aberta no Colombo à espera da visita dela.

E porque tempo é dinheiro, enquanto eles conversam no carro, eu vou partilhando o início de um novo capítulo na capital com o leitor. Here we go again (em inglês fica sempre melhor).

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!