Deixei tudo para a última! – Raquel Santos

Nos dias que antecederam o Natal, não se podia andar nas ruas e muito menos nas lojas. Estavam à pinha! O interior das lojas cobria-se, rapidamente, de inúmeras cabeças, à procura do último presente de Natal.

Nas caixas de pagamento não se podia estar, as filas eram enormes e pareciam que não tinham fim. Os minutos iam passando e as correntes de pessoas iam-se mantendo. As compras de última hora perduravam e perduravam. Já estava a ficar em pulgas. Olhava para o relógio e os ponteiros avançavam quase sem dar por isso. “Tenho que pensar noutra solução. Eu não posso passar o meu dia nestas filas!”

Continuei a circular pela rua, passei por um quiosque e observei diagonalmente as revistas e jornais. Num dos jornais dizia: “Um casal de portugueses optou por oferecer trabalhos caseiros como presente. Ele criou compotas e ela criou as embalagens, presenteando os seus amigos e familiares com presentes diferentes e feitos à mão.” Isto, deu-me uma ideia. “Porque é que não crio algo pelas minhas próprias mãos? Não gasto muito dinheiro, só vou ter de despender mais tempo do que aquele que teria, quando estava nas filas das lojas”

Entrei no carro e num ápice cheguei a casa. Dirigi-me até ao escritório e apercebi-me que ainda tinha alguns trabalhos, que tinha feito para feiras de artesanato que tinha realizado recentemente. Observei-os e escolhi alguns deles, pois considerava que eram a cara das pessoas às quais queria oferecer!

Decidi rápido, não precisei de estar à espera. Além disso, sei que ninguém irá dar algo igual, porque são trabalhos feitos à mão e cada pessoa que o faça vai ser feito de modo diferente, são trabalhos originais! Em cada trabalho, imprimi um pedacinho de mim. E estes, são feitos com todo amor e dedicação, que muitas vezes não é valorizada pelos outros.

Contudo, ainda faltava uma prenda! Eu sabia que esta pessoa não gostava de artesanato. Comecei a mexer os cordelinhos e nada vinha à minha cabeça. Sentei-me na secretária, liguei o portátil e fiz uma pesquisa rápida. Nessa pesquisa, encontrei os famosos cheques presente! ” Hum parece-me boa ideia. Eu não sei o que lhe hei-de comprar, ao dar-lhe um cheque presente, ela poderá comprar o que desejar com aquele valor.”  Puxei o telemóvel do bolso e liguei para uma amiga minha que trabalhava na tal loja que vi no site, a pedir um cheque presente. Em poucos minutos, fiz todas as “compras de Natal”, sem sair do lugar. Eu sei que caí no erro de deixar tudo para o último dia, mas já é tradição!

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