Descontos, quais descontos? – Raquel Santos

Como é habitual, após ouvir o som do motor da mota do carteiro, abro a porta e dirijo-me até à caixa de correio que está em cima do muro da entrada.

Ansiosa por receber boas notícias, introduzo rapidamente a chave na fechadura e num gesto subtil abro a portinha. A minha alma fica parva quando vê a inúmera publicidade que deixam na caixa de correio. Uma pessoa começa logo a pensar: “Mais uns papéis, para por ao lixo!” Mas nem sempre tudo é lixo, há coisas que devemos dar especial atenção, nomeadamente aos folhetos de supermercado.

Tu que estás a ler deves estar a pensar que estou tolinha, mas olha que não. É preciso abrir bem os olhos e analisar com detalhe estes folhetos que parecem inofensivos.

A minha mãe sempre me ensinou a poupar e não desperdiçar dinheiro em coisas desnecessárias. Coisas essas, que só servem para o momento e que depois são encostadas para um canto porque já não interessa, ou seja, gastar o dinheiro em coisas úteis.

Neste momento de crise, que infelizmente foi causada por todos nós (não me atirem batatas, pois se pensarem um bocadinho podem ver que não estou assim tão errada), eu comparo preços dos produtos que costumo comprar de vários supermercados.

Sentei-me na escadaria do jardim e comecei a desfolhar devagar aquelas folhas cheias de produtos, que dizem estar em promoção. De repente, reparo que alguns desses produtos têm o mesmo valor do que aquele que tinham antes de ser feita a “baixa de preço”.

É pah, isto é um pouco constrangedor, não? Qual é o objetivo destes anúncios? Será que com uma mentirinha piedosa, querem atrair a atenção do cliente? Nem se fala daqueles produtos que lhes são subido o preço e depois têm 25% ou 50 % de desconto em cartão. Isto faz pensar, não é. Então, estes produtos têm ou não desconto? E depois o que dizem ser desconto vai para o cartão. O cliente quer é o desconto na hora, porque assim cria um ciclo vicioso. Isto obriga o cliente a ter de ir comprar outros produtos. Eu sei que são técnicas de marketing, mas deviam de ter mais em conta à bolsa dos portugueses. Bolsa essa, que tem fundo. Se tivesse desconto direto a pessoa até podia ter dinheiro para o comprar mas como é em cartão nem sempre é possível despender esse dinheiro, porque não o tem.

O cliente quer descontos, mas descontos a sério. O cliente não quer um desconto de um cêntimo. Sim, de um cêntimo. Não te rias é verdade!

Num supermercado, que não vou referir o nome, tinha um cartaz que dizia: “ Promoção do dia – Pacote de bolachas a 1,59€” Até aqui nada de diferente, mas olhando mais abaixo reparei que o preço anterior era 1,60€. Comecei a pensar, mas não é só um cêntimo?! Se calhar enganaram-se ou então nunca pensavam que o cliente ia estar a ler as letras, neste caso números, mais pequenos.

Em questões de dinheiro, nós analisamos até ao último ponto. Eu falo por mim, nada escapa.
Hoje em dia, é preciso estar muito atento a estes pormenores. Pormenores que fazem a diferença!

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