Dia Mundial da Consciencialização do Autismo – Mara Tomé

O Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, a 2 de abril, foi reconhecido pela OMS e, através de várias associações, pais, particulares, etc, ligou-se ao movimento “Light it up blue”, uma iniciativa anual que pretende alertar para a temática do autismo e sensibilizar a população para esta patologia. Várias cidades de todo o mundo iluminam monumentos, estátuas, fachadas. Portugal não é exceção e, por cá, também temos algumas localidades que aderiram ao movimento.
De forma individual, também tento chegar mais longe. O que eu gostaria de sentir era uma maior sensibilização da população, algum conhecimento – ainda que mínimo – e algum respeito pelo que pais como eu passam… Não é fácil para um estranho ouvir ou ver uma birra que facilmente se associa a má-educação quando, na verdade,se trata de um  meltdown (aquilo que eu designo por “birra autista”) mas é muito mais difícil e doloroso para um pai de criança autista passar pelo que passa e ainda ter que lidar com comentários alheios, levar com o “síndroma da coitadinhice” e com os chavões clássicos do “se fosse meu filho…”.
As pessoas, individualmente, não precisam de mudar lâmpadas. Basta que, no dia 2 de abril, vistam uma peça de roupa azul, coloquem uma toalha/pano azul numa janela, acendam uma vela azul, por exemplo. O simbolismo é a cor azul, a cor escolhida para assinalar o autismo. E, em jeito de logótipo, além da cor, temos também as peças de puzzle encaixadas num laço.
A nível mais ou menos local, irei estar envolvida numa série de projetos em escolas, bibliotecas (desde leitura de histórias, exposições, conversas, etc.) e, ao meu encargo, uma das escolas será iluminada de azul e terá  na rua uma faixa com o laço do autismo.
Sobre o autismo, de forma generalista:
O autismo não é uma doença; é um complexo distúrbio neurológico que dura toda a vida de uma pessoa, é uma perturbação do desenvolvimento global das funções cerebrais que, regra geral, se manifesta nos primeiros três anos de vida e impede a pessoa de organizar e compreender a informação que é transmitida pelos sentidos. Esta alteração cerebral apresenta as seguintes características principais:
 
– Défice na interacção social;
– Défice na comunicação verbal e não verbal;
– Défice da imaginação/capacidade simbólica;
– Interesses e actividades limitados.
 
Estas características manifestam-se em cada pessoa de formas e intensidades diversas, o que dá origem a um leque muito variado de situações enquadráveis no diagnóstico das Perturbações do Espectro do Autismo. Não são conhecidas as causas do autismo, os pais não são os causadores/culpados do autismo dos filhos mas uma consciencialização cada vez maior do problema pode ajudar as famílias.
A experiência tem demonstrado que o melhor tratamento para pessoas com autismo é uma detecção precoce e um tratamento especializado cujo objectivo é tornar as pessoas mais conscientes do meio que as rodeia, indo ao encontro das suas necessidades específicas.
 
Sinais de alerta:
Os seguintes “sinais” podem indicar que a sua criança está em risco e devia ser supervisionada para garantir que ele/ela está com o desenvolvimento padrão ideal. Se o seu bebé apresentar alguns dos seguintes sinais, peça ao seu pediatra ou médico de família uma avaliação.
– não ri ou tem outra qualquer expressão de felicidade dos 6 meses em diante;
– não imita sons, sorrisos ou outra qualquer expressão facial a partir dos 9 meses;
– não responde ao nome quando o chamam, por volta dos 10 meses;
– não palra aos 12 meses;
– é demasiado agitado ou hiperativo;
– não aponta, agarra, mostra ou acena aos 12 meses;
– não diz qualquer palavra aos 16 meses;
– não diz frases de duas palavras com sentido (sem imitar nem repetir) até aos 24 meses;
– perde qualquer tipo de linguagem
 
 

 in www.vencerautismo.org
Ao saber mais sobre o autismo, qualquer pessoa já está a ajudar. Ao vestir azul, por exemplo, já está a mostrar que se importa e que se sente sensível para a patologia.
Não custa nada, não dói.

Crónica de Mara Tomé
T2 para 4