Diálogos…(3) – Patrícia Marques

A flor que eu mais gosto mãe, é a rosa azul. É um azul que me deixa enternecer no céu. Namoro as nuvens como blocos brancos suspensos no meu imaginário; como se desejasse escrever na branquidão fofa, onde nossos olhos desaguam por um suspiro. Desfalecem as nuvens que falam apenas com os papagaios de papel.

Reparaste mãe! São as cores! Aquelas faixas que bafejam a alegria do papel por estar em liberdade e ao mesmo tempo saber que têm casa e sítio onde repousar. É precioso o culminar deste tempo que ora nos abre os horizontes, ora nos afaga e nos convida a entrar e a ficar num acerto de um abraço caloroso.

Já falaste com o céu mãe? Já abriste os braços para contemplar a beleza que se vê no espaço aberto e natural, de onde recebemos o oxigénio e para onde respirámos os nossos sonhos? Nossos sonhos são projetados pela nossa respiração; depois, quando nos esquecemos deles, alguma árvore ou alguma flor vai procurá-los e os torna em realidade.

Enquanto observava o céu, já deitei ao lixo coisas que me bloqueavam o pensamento, o coração e a cabeça. Inspirámos o ar bom, e expirámos as coisas más; e é isto que torna mais leve nossa mente, nossa consciência e nosso semblante interior.

O sol também é macio. Transmite que a verdade explode em inúmeros sentidos, como raios de sol encandeados e dispostos em “V’s” contínuos. É de uma razão soberana. Tem um prodígio liberal capaz de libertar o interior humano, pelo menos, daquele que o ama como se fosse único.

Espaço aberto. Véus de nuvens entrelaçadas. Paz e alegria.

Achei a força no céu, Mãe. Tens que fazer o mesmo…


Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
Visite o blog da autora: aqui