Episódios do Vício #1 – a insolência – Pedro Nascimento

Oi. Sim, o título dá a entender isso. É uma nova rúbrica, de facto. Mais alguma coisa que queiras acrescentar? Pertinente, talvez…?

A insolência meus caros. A insolência é uma atitude cujos frutos da sua prática raramente são frutíferos. Vem desde a tragédia grega (a húbris) essa incontornavelmente atraente ideia de pensarmos que somos superiores. Próprios do Olimpo, capazes de mais que os mortais. E é assim, certos de que somos mais hábeis, que se entregamos ao fútil exercício de desdenhar o que achamos indigno do nosso melhor.

Ora, no âmbito da temática que o L2R2 X-Δ esmiúça, episódios de insolência acontecem a toda a hora a quem joga. Bom, a toda a hora como uma figura de estilo claro. Porém, não tão longe quanto isso.

É que o jogador, à medida que fortalece o seu conhecimento do jogo em questão e das ferramentas que está a utilizar para se sobrepôr ao obstáculo, durante as suas playthroughs, tende a cometer erros desnecessários e infantis que eventualmente resultam em objectivos falhados. Ao subestimar o jogo, por norma, o jogador é punido. E todos cometemos este erro: seja por não recarregarmos energia porque pensamos que somos capazes de ganhar com a barra de vida no mínimo ou então, simplesmente, porque tomamos a decisão estúpida de ir para um lugar do mapa sem as devidas preparações mesmo sabendo que nos devíamos precaver. Ou então o cúmulo, sabendo que é um local do mapa que devemos evitar a todo o custo.



Para exemplificar narro um episódio que nem dias tem. Já há um tempo que estou a fazer uma carreira no FIFA 12 com a equipa Palermo, de Itália. À quarta época disputei a Liga dos Campeões. Cheguei aos quartos-de-final. A dificuldade, como é meu costume em jogos de futebol, estava em lendário. Adversário: Barcelona. Primeira mão: 4-1, vence o Palermo, em casa. Segunda mão, Camp Nou: contentíssimo, super inchado da goleada, meto a descansar metade da equipa; que sucede?, ao intervalo perdia 2-0. De calças na mão, levo mais 2 na segunda parte. Adeus Liga dos Campeões. Podia ter sido azar, podia. Mas tendo em conta a competição que era, a fase da competição em que estava, e o sucedido nos oitavos (5-1 1ªMão;  2-4 na 2ª Mão devido à mesma asneira), que aberração foi essa de pensar que estava ganho? Duvido que tenha sido azar. Nem que fosse pela porra do Messi! Subestimei o jogo como uma criança, fui castigado. Não, azar não foi.

A insolência,… quantas derrotas por esse mundo fora não se deveram a um orgulho desmedido? Olha outro exemplo: quando Portugal ganhou a batalha de Aljubarrota com a táctica do quadrado. Heróis do mar e da terra, claro, mas a brutal vantagem numérica não permite que hajam justificações quanto ao fracasso espanhol. Mas ainda bem que assim foi. A insolência faz parte da História, da vida. Porque não faria parte da experiência do videojogo também?

Um L2R2 X-Δ insolente para vocês!

Crónica de Pedro Nascimento
L2R2 X-Δ