Época 2013/2014: Resumo das 16 equipas.

Com o término da época 2013/2014 é tempo de balanços. É tempo de ver o que pesou e o que falhou na época que chegou ao fim em Maio. Por agora segue-se o Verão e o tempo predilecto de quem gosta de um bom “gossip” à homem, ou seja, as novelas do defeso. Vem não vem, fica não fica, rumores, novelas e capas de jornais memoráveis é o que nos espera. Porém, e aproveitando a onda de balanços, é tempo de analisar as 16 equipas que compõem o nosso campeonato dando um olhar particular a cada uma delas.

Benfica – O título de campeão nacional mostra o suficiente. Com um começo de época para esquecer, os pupilos de Jorge Jesus cedo recuperaram da hecatombe e conseguiram carburar para uma época espetacular. Além do primeiro lugar no campeonato, perderam apenas duas vezes e foram a melhor defesa, bem como o melhor de ataque. A grande mudança neste Benfica foi sem dúvida a forma coesa como soube defender, assentando, sobretudo, numa espetacular entrada de Oblak no 11. Quanto à estrela do Benfica não é fácil, podíamos cair no cliché de ressaltar o colectivo, mas Enzo Pérez não o deixa. O dínamo dos campeões nacionais fez uma época de sonho que culminou na sua chamada à seleção Argentina que vai disputar o Mundial de 2014.

Sporting – Depois de ter atravessado um dos piores períodos de sempre que culminou num 7º lugar, a sua pior classificação da história, os leões viram-se revitalizados sobre a batuta de Leonardo Jardim e conseguiram um óptimo 2º lugar bem como o acesso directo à Liga dos Campeões. O começo de época do Sporting foi aliás excelente, perdendo apenas fulgor na segunda parte da época o que levou a que deixassem fugir o, tão aguardado, título. Apostando na prata da casa e com um orçamento mais reduzido que o ano passado, o futebol dos leoninos foi indubitavelmente mais atractivo e um dos mais eficazes a nível nacional. A mão do madeirense Leonardo Jardim foi notória e a química da equipa evidente. Com Adrien a assumir um novo destaque, coube a William Carvalho ser a estrela da equipa. O, agora, internacional português foi um esteio no meio-campo verde e branco além de ter sido a revelação da época bem como um dos melhores jogadores do campeonato. Um diamante que já não está em bruto.

Porto – A desilusão da época. Depressa se entendeu que Paulo Fonseca havia perdido o norte – bem como quaisquer outras noções geográficas – e que o futuro do Porto seria tudo menos promissor. Com um futebol tacanho e sem ideias, a equipa da cidade invicta foi cavando a sua própria sepultura, onde com a ajuda de contratações desastrosas como Licá, se enterrou. Nem Paulo Fonseca, e muito menos Luís Castro, foram capazes de ter ideias suficientes boas para encarrilar o Porto de volta às vitórias e o 3º lugar acabou por ser lisonjeiro para o futebol apresentado. Nem com a vinda do cigano mais conhecido do mundo, Quaresma, foram capazes de dar a volta terminando assim uma desgastante e frustrante época para todos os seus adeptos, que, acima de todos, sofreram como ninguém. A estrela da equipa foi, mais uma vez, Jackson Martínez. Apesar de ter tido uma época uns furos abaixo do habitual, o atacante colombiano sagrou-se o melhor marcador do campeonato com 20 golos e ajudando a equipa a conseguir preciosas vitórias.

Estoril – Pela segunda época consecutiva conseguiram um fantástico 4º lugar voltando a mostrar que não foi só coincidência e que Marco Silva sabe, de facto, o que faz. Mesmo perdendo alguns jogadores que haviam sido essenciais na época transata o Estoril conseguiu colmatar essas saídas com jogadores igualmente importantes que foram fulcrais na caminhada vitoriosa da equipa e na obtenção de, mais uma, presença europeia. Um futebol com qualidade e direccionado para o ataque nunca actuando na “retranca”, os canarinhos foram uma dor de cabeça para os grandes motivando enormes calafrios nos seus embates. A estrela da equipa foi, sem qualquer dúvida, Evandro. O organizador de jogo brasileiro jogou e fez jogar os seus colegas contribuindo com qualidade, golos e assistências e revelando-se um dos melhores jogadores desta edição da Liga Portuguesa.

Nacional – Manuel Machado e o Nacional da Madeira são um caso claro de um casamento perfeito em que há amor e nem os problemas os fazem recuar. Até ao momento ainda não precisaram de conselhos matrimoniais e isso foi evidente num 5º lugar e numa qualificação para as competições europeias. Um futebol algo diferente do que aquele a que o espectador normal está habituado, explorando sobretudo os erros do adversário e apostando no contra-ataque, os madeirenses valem-se da velocidade dos seus alas e da precisão dos seus atacantes. Com uma prestação sólida, foi sem surpresas que viram o 5º lugar aproximar-se, apesar de ter sido uma luta com os seus adversários até ao fim, acabaram por vence-la. Como estrela da equipa, apesar de não ser fácil, podemos falar do central cabo verdiano, Mexer, que foi imperial na defesa dos pupilos de Machado, também Ghazal e Rondón poderiam ser referidos.

Marítimo – Ao contrário dos rivais do Funchal, o clube preferido de Alberto João Jardim, não conseguiu o que Pedro Martins havia projectado, a Europa. Apesar de terem feito 41 pontos e uma época consistente, o Marítimo não chegou ao nível pretendido pelo seu treinador, que acabou por sair no fim da época. No que à vertente ofensiva diz respeito os madeirenses foram abençoados pela presença de Derley. O avançado brasileiro fez jus aos anteriores artilheiros da equipa e conseguiu uns espantosos 16 golos, quase metade dos 40 da equipa. Foi sem dúvida a estrela da equipa e a sua permanência, apesar de vital, é quase impossível. Uma facada para os maritimistas.

Vitória de Setúbal – Quando José Couceiro assumiu a equipa, a desconfiança era mais que muita, ninguém acreditaria no seu sucesso e muito menos no sucesso da equipa. Enganaram-se. O Vitória fez uma época de um nível muito bom tendo no seu tridente, que foi composto por Tiba, Horta e Rafael Martins, a sua grande virtude. O 7º lugar é um bom prémio para uma equipa que os analistas afirmavam, no inicio da temporada, não ser capaz de enfrentar as adversidades e cair mesmo num lugar de descida. Tal não aconteceu e José Couceiro revolucionou a equipa de Setúbal levando-os a sonhar com voos mais altos. O mérito aqui vai para o treinador mas também para a estrela da equipa esta época, Ricardo Horta. O miúdo português despontou e foi um caso sério para as defesas adversárias ultrapassando assim Rafael Martins que mesmo com os seus 15 golos não conseguiu ser consagrado o melhor da equipa.

Académica – Os estudantes sabem o que fazem e fizeram uma época tranquila sem sobressaltos e com Sérgio Conceição em bom plano. O objectivo foi cumprido e a permanência conseguida. A conquista da Taça de Portugal há duas épocas não lhes subiu à cabeça e com clarividência, bem como  tendo um futebol muito baseado na exploração de erros dos adversários, os jogadores da briosa, apesar de muito fustigados pelas arbitragens, chegaram a meio da tabela, lugar que lhes assenta bem. A estrela da equipa de Coimbra foi Ricardo, o melhor guarda-redes português do ano, foi o salvador da pátria com inúmeras defesas importantes. Será dificílimo colmatar a sua saída para o F.C.Porto.

S.C. Braga – Quanto mais se sobe, maior é a queda. Exemplo que ilustra perfeitamente a temporada do Sporting de Braga. Para quem se auto-intitula 4º grande, ficar em 9º lugar numa época em que o 3º era o objectivo principal, é simplesmente, desastroso. Desde Jesualdo Ferreira a Jorge Paixão, nenhum deles teve a mestria de fazer o essencial, por os minhotos jogar à bola. O futebol do Braga foi previsível, permeável e ineficaz. A presunção subiu à cabeça e António Salvador, com o seu discurso, só fomentou ainda mais a ideia de fracasso. A miserável a época dos bracarenses, fez com que os seus adeptos pudessem agora descer à terra ao mesmo tempo que se apercebem que nem tudo são rosas. A estrela da equipa foi o jovem Rafa, o jovem extremo internacional português foi a revelação e peça essencial na estratégia do Braga. Caso a ter em atenção para o ano.

Vitória de Guimarães – Fraco, fraquinho, fraquíssimo, é, e foi, assim o futebol da equipa de Rui Vitória. Os homens de Guimarães fizeram uma temporada muito aquém da expectativas, tanto para os seus adeptos como para a história do clube que exige mais, muito mais. Uma equipa que ganhou a Taça de Portugal o ano passado, e apesar de ter perdido Ricardo Pereira e Tiago Rodrigues, não pode nunca estar 8 jogos sem ganhar e a perder com tudo e todos praticando o futebol sem ideias e desprovido de sentido. Não pode. O projecto de Rui Vitória chegou ao fim e o que ele tinha para dar, que é pouco, já se esgotou, porém, a direcção do clube não o entende e após um “extraordinário” 10ºlugar, renovaram. Um caso de boa gestão, portanto. A estrela da equipa este ano foi Tomané, o miúdo que surgiu esta época provou ser uma boa aposta e com futuro no clube. Menção honrosa para Douglas, o fiável guarda-redes que raramente deixa a equipa ficar mal voltou a ser precioso em 2013/2014.

Rio Ave – Se a época se resumisse ao campeonato, podíamos afirmar que tinha sido fraquinha, nada fora do normal, contudo, não se resume e nesse capítulo os vilacondenses estiveram mais que bem, ao conseguirem duas finais, quer da Taça da Liga, quer da Taça de Portugal. Porém, esta análise só se resumirá ao campeonato e nesse aspecto podia, e devia, ter sido muito melhor. A aposta de Nuno Espírito Santo nas taças foi notória e reflectiu-se, e de que maneira, na prestação da equipa na Liga. Forte fora de portas teve no Estádio dos Arcos a sua grande fraqueza e quando assim é, é sinal que há muita coisa que vai mal, sobretudo no apoio dos adeptos. A estrela da equipa foi o experiente e sempre perigoso, Tarantini. O centrocampista foi pedra basilar do meio-campo e da estrutura dos homens de Vila do Conde. Marcelo também fez uma temporada enorme.

Arouca – Com a sua participação inédita na Primeira Liga nada mais seria de esperar que não a manutenção, e assim foi. O Arouca conseguiu um honroso 12º lugar que é a sua melhor classificação da história, um marco, sem dúvida. Por outro lado, com a equipa ao dispor de Pedro Emanuel esperava-se mais.  Jogadores como Ceballos e Lassad que vieram do Tottenham e do Celtic respectivamente, tinham nível mais do que suficiente para fazer melhor do que “evitar a descida”. Uma sensação agridoce de quem investiu – sabe-se lá como – tanto dinheiro na equipa. Há que pensar o que falhou e continuar a trazer jogadores da tarimba dos que vieram este ano. Quem mais brilhou, ou seja a estrela, foi David Simão. O ex-jogador do Benfica engradeceu a equipa e conferiu uma qualidade superior ao seu futebol.

Gil Vicente – Pai de Jesus, Deus não soube fazer uso dos seus poderes e foi apenas fogo de vista a primeira parte da época. Com uma 1ª volta de nível superior, ninguém esperaria que fracassassem da forma que o fizeram na 2ª volta. Na segunda parte do campeonato o Gil Vicente foi, sem grandes questões, a pior equipa. Caso não tivessem tido um inicio tão fulgurante, o cenário para equipa de João de Deus podia ser pior, muito pior. É importante relembrar que as ideias são bonitas, mas pô-las no campo é ainda mais bonito do que tê-las apenas pensadas e no papel. Há também que lembrar que o campeonato é uma prova de consistência e os “galos” não tiveram nenhuma. Diogo Viana fez jus ao seu passado e comprovou a sua qualidade, sendo a estrela da equipa. Um craque que não teve a equipa necessária atrás.

Belenenses – Os pastéis enfrentaram diversas adversidades neste que foi o seu regresso à Primeira Liga, lugar ao qual pertencem, volvidas três temporadas. O regresso foi tudo menos fácil. A começar com o problema de coração de Van der Gaag que ditou que fosse substituído por Marco Paulo que levou a equipa a uma maré negra de resultados que só foi interrompida com a chegada de Lito Vidigal a 7 jornadas do fim. Nesse período, o de Lito Vidigal, o Belenenses alcançou um bom registo que lhes permitiu ficar na principal Liga do futebol português. Porém, o facto de terem sido o pior ataque diz muito da capacidade finalizadora da equipa e da falta de acerto existente. Não se compreende como é que um clube tão grande e com tanta história, que havia feito uma época espetacular feita na 2ªLiga tem uma temporada destas. Ainda mais é injustificável quando se olha para o plantel dos azuis, recheado de jogadores nacionais e com talento. A estrela mais cintilante foi algo entre Fredy, o extremo implacável da equipa e André Geraldes que chegou no Inverno viu e venceu. Enorme jogador que, ao que tudo indica, abandonará o nosso campeonato deixando-o mais pobre.

Paços de Ferreira – É inédito e mais que isso, incompreensível como é que uma equipa que, contra tudo e contra todos, fazendo uma época de se lhe tirar o chapéu – o boné neste caso – e chegando a um impensável 3º lugar, no ano seguinte fica no penúltimo lugar da Liga e só não desce porque o Boavista subiu. Não há desculpas. Nem a falta de experiência aliada à novidade que foi a Champions justificam o nível exibicional e os resultados apresentados pela equipa comandada primeiro por Costinha, depois por Calisto e já no fim por Jorge Costa. Os pacenses são mais um caso claro de quem tudo quer, tudo perde. Apesar de terem perdidos jogadores importantes, como foi o caso de Josué, o orçamento devia ter sido melhor gerido assim como melhor direccionado, falha presidencial. Ao contrário do que se tem dito, esta época não é para esquecer, mas sim para lembrar e lembrar durante muito e bom tempo de forma a não deixar ninguém repetir “tal feito”.  A estrela maior do Paços foi Bebé. O jogador que foi contratado pelo Manchester por 9 milhões mostrou que a sua carreira não estava acabada e que pode, e poderá, ser muito útil a certas equipas do campeonato português.

Olhanense – O melhor para o fim, mas não neste caso. Neste caso em particular é mesmo o pior para o fim. O Olhanense teve uma época igual a gestão do seu presidente, ou seja, ruinosa. Tudo ficou pior quando se despediu Abel Xavier e logo de seguida Paulo Alves para ter os italianos a tomar conta da equipa e a estragarem o, pouco, que de bom se tinha feito até então. No Inverno vieram uns quantos jogadores provenientes de Itália passar umas férias e enquanto isso a equipa algarvia só se afundava na tabela. Como se costuma dizer, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita e com os rapazes de Olhão a história correspondeu. Uma equipa sem chama, sem alma, sem qualidade e tal e qual uma manta de retalhos, ditou que o destino do clube presidido por Isidoro Sousa fosse o pior, o da 2ª Liga. A estrela, neste caso, pode ser apelidada de “jogador menos mau” da equipa. Foi Dionisi, o Italiano não merecia o que lhe aconteceu, um bom jogador que acaba por se perder numa equipa sem rumo.

E cá está, este é o corolário do que foi feito pelas 16 equipas relativamente à sua prestação na Primeira Liga Portuguesa.