Quando me apresentarem um casal em que nenhum dos membros já tenha proferido tais palavras, eu atiro foguetes…
O lado da cama é quase tão importante e intransponível como as fronteiras de um País. Creio até que já existiram divórcios devido a transgressões feitas por um ou outro parceiro, em determinada altura da vida conjunta. E atenção, eu não me refiro a transgressões feitas em camas alheias, eu falo apenas, do simples facto de um dos dois se atrever a dormir do lado da cama que não lhe pertence…
Eu durmo do lado direito. Quer dizer, eu acho que é o direito. Até porque outra coisa que sempre me fez muita confusão é como é que se distingue o lado direito do esquerdo numa cama. Como se sabe qual é qual? Será que o correcto é dizermos que o lado direito é aquele que fica à direita quando estamos de frente para a cama ou quando estamos deitados nela? E aí consideramos que é a cabeceira da cama que determina a direita e a esquerda? (São estas as dúvidas com que me deparo diariamente, caro leitor. Ter este tipo de dúvidas existenciais nos dias que correm é porque somos uns sortudos, ou então, porque somos um bocado parvos… Eu creio que o meu caso é mais o último. Mas pronto, avancemos.)
Após decidirmos qual o lado que pertence a cada um e tentarmos ao máximo cumprir o acordo pré-estabelecido, começa outra guerra. A guerra do “Estás muito chegado(a) para o meu lado”. Aqui, diga-se o que se disser, vamos achar sempre que o outro está a ocupar o nosso espaço. Podemos até ter mais de meio metro, entre o nosso corpo e o fim da cama, mas se por acaso, o nosso mais-que-tudo calha a chegar-se um pouco mais para o nosso lado, disparamos logo: “Estás muito chegado para o meu lado. Chega-te para lá!”. Pode até não ser verdade mas, não sei porquê, quando estamos deitados perdemos a noção do espaço. Todo o espaço da cama é nosso e qualquer tentativa de invasão é interpretada como um assalto ao nosso território. Excepto claro, se essa invasão vier acompanhada de beijos e carícias. Aí muda tudo. Percebemos logo que a invasão tem outro propósito e assim já não nos importamos. A cama passa a ser um todo, o espaço é dos dois, o meu lado é dela e o dela é meu, a cama duplica, triplica, se for preciso até quadruplica.
Claro que depois das segundas intenções invasivas terminarem, ficamos mais generosos no que toca ao espaço, se for preciso até ficamos os dois a fazer “conchinha” na fronteira territorial. Mas… (e há sempre um mas…) só durante alguns instantes. Depois, cada vira-se para o seu lado e se por ventura voltar a haver invasão do nosso espaço, voltamos à guerra!
Inventores de jigajogas e traquitanas, deixo-vos aqui um conselho que fará com que fiquem milionários. Criem um dispositivo que apite quando existir uma transposição do meio da cama… Ou melhor, que dê choques ao invasor! Tenho cá para mim, que todos aqueles que partilham uma cama iriam gostar bastante de ter tal invenção.
Obrigado e bons sonhos!
Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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Imagens que já vão na minha cabeça….
Adiante, “dispositivo que apite” não, talvez dispositivo com dê pequenos choques, quando o limite fosse desrespeitado, fosse o ideal…é só a minha opinião 🙂
Olá Milene, obrigado pelo comentário. Sabias que a primeira versão, dizia um dispositivo que dê choques?! Depois achei que tal dispositivo poderia ser utilizado com outros propósitos e por isso alterei para apitar simplesmente… Mas agradeço a sugestão =)
De facto, não é fácil partilhar uma cama quando a pessoa com quem dormimos é expansiva. Mas tudo tem um preço… Como tal, se se quer companhia tem de se saber partilhar e lidar com o outro. 🙂
Concordo plenamente! Há que saber partilhar o espaço comum.
Olá Gil!
Confesso que, cá em casa e no Inverno, seria sempre eu a levar choques!
Eu sou usurpadora de 70%… vá 80%… pronto, 90% da cama.
O meu marido já teve de a contornar e deitar-se do meu “suposto” lado 🙂
No Verão, já a coisa muda de figura eheheh
Mas essa coisa dos choques faz-me lembrar as coleiras para os cães…
No caso da divisão de área útil da cama, o aparelho deveria ser colocado noutra parte do corpo… digo eu!
Parabéns pela crónica
As mulheres são realmente umas usurpadoras… Ainda agora a minha adorada esposa, como apoiante do meu trabalho que é, quis vir comentar o meu artigo… Escusado será dizer, que agarrou no meu PC e nem viu que tinha isto “logado” e vai de escrever… ehehe
Portanto quando eu digo:
“De facto, não é fácil partilhar uma cama quando a pessoa com quem dormimos é expansiva. Mas tudo tem um preço… Como tal, se se quer companhia tem de se saber partilhar e lidar com o outro.”
Não sou eu… É ela! Lol. Peço desculpa a todos… Mulheres… O que se ha-de fazer =P
amá-las, por serem como são!!!
Exacto Laura, há que as Amar em todo o seu esplendor… Tanto nas qualidades como nos defeitos. Até porque nós, homens também temos 1 ou 2…
Gil, a menos que haja algum problema costumam ser dois, sim!!
:)))))))