Eurovision Song Contest 2018

Antes de mais, parabéns a Israel pela vitória. Manda o fair play que se congratule o vencedor. Pese embora aquilo que eu temia o ano passado – que o melhor não vencesse por não ser uma música “festivaleira” – aconteceu este ano.

O pop voltou em força ao festival da Eurovisão. E não me interpretem mal, porque há músicas pop que gosto. Mas é aquele pop bem escrito, bem construído. Não o pop apelidado de comercial, com a batida, ritmo e melodia quase igual a largas centenas de outras músicas, que a editoras discográficas impõem, não pela sua qualidade, mas pela rentabilidade (porque vende, basicamente). E viu-se muito disso ontem.

Para mim, não ganhou a melhor. É a minha opinião e cada qual terá a sua. Mas “desmontem” a música, ouçam com atenção e com certeza vão notar que, para além do ritmo dançável e da mensagem (embora a letra não seja, a meu ver, nada complexa), é igual a tantas outras do mesmo género. Até Chipre, que lutou até ao fim pelo primeiro lugar, tinha uma música com melhor qualidade, embora tivessem “carregado” na coreografia e menos na música.

Não sou expert em música, nem próximo disso. Mas acho que este ano voltou-se à máxima da canção mais mexida (no sentido de mais “festivaleira”), na música e artista mais carismáticos e, talvez, na mensagem, em detrimento da qualidade da música. Se fosse pela qualidade, “O Jardim” da Isaura, cantada de forma sublime pela Cláudia Pascoal, ficaria nos primeiros lugares. E com ela tantas outras, bem elaboradas, mas não “festivaleiras”.

Mas já que falo em qualidade, não posso deixar de elogiar a organização portuguesa. Quando o presidente do concelho de administração da RTP falava há uns meses de festival low cost fiquei assustado. Imaginei algo muito fraco – reles, até – mas não foi nada que aconteceu. Tirando o incidente da invasão de palco durante a actuação da concorrente britânica (e aplaudo a decisão da própria concorrente em continuar a música e ter negado voltar a cantar, desde o inicio, a música como, “reza” a web, lhe foi proposto), foi uma grande organização, um palco brilhante (em todos os sentidos), e muito bem conduzido, apesar do inglês “enferrujado” da Catarina Furtado e da Sílvia Alberto. Nada que, a meu ver, manchasse o esplêndido programa de televisão que foi a Eurovisão organizada por Portugal.

E recorde-se que fomos muito elogiados em 2004 pela organização do Europeu de Futebol e creio que seremos aqui também. Mas aqui, como na altura não ganhamos. Mas fica com certeza o orgulho na excelente organização.

Crónica de João Cerveira
Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990