O excessivo poder dos professores na avaliação direta do aluno

A avaliação contínua é uma injustiça permanente, é colocar nas mãos da subjectividade o futuro de muita gente. Principalmente a partir do 10º ano, o ano em que o futuro começa e a subjectividade continua. De facto, não existem duas pessoas iguais, e antes de tudo mais, professores são pessoas. Sendo pessoas, existem alguns mais permissivos, outros mais austeros, uns super-porreiros, outros super rígidos, uns que detestam dar boas notas, outros que odeiam dar más notas, e ainda alguns que até ajudam os alunos enquanto eles estão fazer testes.

Ou seja, a avaliação contínua é, antes de tudo mais, uma forma de injustiçar aqueles que têm o azar de apanhar um qualquer professor rígido, ou favorecer aqueles que apanham um professor “à maneira”.

Alguns dirão que é impensável retirar o poder de avaliação do professor que trabalha diretamente com o aluno, no entanto, o que é que acontece nas principais Universidades senão isso… lá não existe qualquer avaliação contínua, existem trabalhos, frequências e exames, nada mais que isso. Pelo menos, na maioria das licenciaturas. E se o 10º ano já conta para a vida universitária, faria todo o sentido a anulação do professor da avaliação do aluno a partir desse ano. Claro está, em última análise, será sempre ele a corrigir os testes, mas com a hipótese do aluno contestar a correção, diminuindo assim o peso da subjetividade.

E isto acontece se queremos ter um ensino realmente justo, equitativo, que permeie valor, porque não faz o mínimo sentido constatarmos os desvios entre notas de exames e notas dadas pelos professores, algo está mal, quando um aluno que durante o ano teve 15, e no exame 9 ou 8; e o seu contrário também.

Depois, existem problemas como o nepotismo, a tão famosa graxa juvenil, claro que existirão vinte mil professores imunes a estas práticas, mas todos nós andámos lá, existirão outros tantos que as adoram.

Em certa medida, retirar o professor da avaliação direta, acabar com esta coisa da avaliação contínua, libertaria o docente para a sua principal missão, ministrar conhecimento. Aliás, a capacidade de colocar os seus alunos o mais capazes possível para singrarem nos exames nacionais é algo que lhes alimentaria o ego.

E o sistema seria tão simples, como tão simples é na Universidade. Três períodos, três frequências em cada um ou um único exame no final do ano. Para disciplinar o aluno, condicionar a presença nos exames à assiduidade e pontualidade. Assim, até se ganharia uma externalidade positiva com a habituação do aluno ao regime que se seguirá na sua vida académica.

Acabar-se-ia também com a prática de certos alunos, que procuram aquelas Instituições privadas que gostam de colocar fermento nas notas. De facto, pensem comigo, como é que um professor pode avaliar convenientemente um “cliente”? Porque o seu salário é pago por aqueles alunos que avalia, se eles não gostarem, podem agarrar nas mochilas e ir para outro lado onde existirá melhor boa vontade na altura da avaliação.

Por todos estes motivos, a avaliação contínua é uma treta que permite o nepotismo, a venda de notas, a disparidade de critérios e o convite à pequena corrupção.