Existem mulheres que tipo… coiso!

Um dos maiores flagelos na vida de um homem, é quando a sua cara-metade profere as seguintes palavras: “Ó mor, sabes, temos de ir ao centro comercial dar uma voltinha porque eu preciso de ir comprar roupa!” A partir daqui, o homem entra numa espécie de agonia, causada pela imagem da menina dos seus olhos a pavonear-se pelo centro comercial em busca de lojas para entrar, com o seu cãozinho de estimação (ou seja, o homem!) atrás dela, com a língua de fora e a abanar o rabiosque de felicidade. Isso era, pelo menos, o que me acontecia a mim quando a minha “Deusa Grega” (Uuaaauuuu! Deusa grega e tal… Calma, pá. Isto é só no caso de ela ler este texto. Um homem tem sempre de jogar pelo seguro, certo? E agora é só rezar para que ela fique daltónica e não consiga ler este parênteses…) tinha a (in)feliz ideia de ir dar uma voltinha ao centro comercial. Mas agora tudo mudou. E isso deve-se ao facto de eu ter desenvolvido uma técnica especial para estas situações. Ou seja, sempre que ela me pede para ir dar uma voltinha ao centro comercial para comprar roupa, eu coloco imediatamente a língua de fora, começo a abanar o rabiosque de um lado para o outro, alço a perna e urino-lhe em cima… E ela reage de uma forma absolutamente natural neste tipo de situação. Ela limita-se a dizer: «Boa! Muito bem, Piruças. Agora que já tens o chichizinho em dia, já podemos ir andando para o centro comercial…»

(Pensando melhor, parece que a minha técnica especial, de facto, de especial não tem nada…)

E foi o que aconteceu na semana passada… Ela “levou-me” para o centro comercial porque precisava de ir comprar roupa. E eu… fui, depois de passar pela casa-de-banho e urinar (Sim, eu já não urino para cima dela. Isso já perdeu toda a piada… e dá cabo da virilha a uma pessoa…). Depois de percorrermos várias lojas de roupa, eis que ela finalmente desliga o radar, entra numa loja e começa a desbravar caminho por entre várias peças de roupa. E quando eu digo “desbravar caminho” refiro-me obviamente ao facto de ela andar aos ziguezagues pelos corredores das peças de roupa, como se fosse uma espécie de condutora bêbada e com carta de condução há relativamente pouco tempo — a chamada “maçarica”, portanto. E eu sempre atrás ela, tal e qual um cãozinho fiel à sua dona.

Depois de escolher algumas peças de roupa, ela encaminha-se para os provadores e pede-me para entrar com ela para a ajudar a escolher a peça que lhe fica melhor. Ou seja, mais uma típica mania das mulheres, que gostam de comprar roupa, sim senhor, mas adoram passar a batata quente para as mãos do homem. Se elas gostarem de uma peça, e nós dissermos que não gostamos de a ver no seu corpo, elas dizem que nós não temos gosto nenhum e que não percebemos nada de moda. Se nós gostarmos de uma peça, mas elas não gostarem, sabem que mais? Isso, mesmo: nós não percebemos nada de moda. E isto leva-me a uma simples conclusão: nós, os homens, não percebemos é nada de mulheres…

Bom, mas adiante. Ela começa a experimentar roupa e eu, do lado de fora do provador, fico a fazer de cabide, carregando as peças de roupa que já não cabem no provador, assim como a mala da menina — que mais parece a mala de viagem de quem vai um ano de férias para um qualquer país frio e húmido. Mas eu, tudo bem. Ao fim ao cabo, até já tinha urinado antes de sair de casa por isso estava super tranquilo.

Subitamente, começo a ouvir gritos. Começo a olhar de um lado para o outro com medo que estivesse a acontecer algum ataque terrorista, visto que se trata de algo que parece estar, isso sim, na moda nos dias que correm. Mas não vi histeria nenhuma à minha volta. Os gritos continuaram a aumentar de frequência, e é passados alguns segundos que me apercebo que vêm de um dos provadores. Escuto com alguma atenção, com a preocupação natural de um ser humano que até se preocupa com o bem-estar das outras pessoas que o rodeiam, no caso de alguma pessoa se estar a sentir mal e ninguém dar conta disso.

Escuto…

E volto a escutar…

Até que finalmente os gritos começam a ficar mais perceptíveis. E começo então a descortinar que esses gritos vêm de uma mulher que se encontra no provador ao lado do provador ao lado da minha dona, perdão, cara-metade. Decido então abster-me da atenção que, como namorado preocupado — ou então gajo-que-está-a-fazer-de-cabide —, estou a dar à minha namorada, e procuro tentar entender o que se está a passar dentro do provador ao lado.

E é então que escuto a primeira de várias frases que me deixaram um pouco assustado:

“Raios partam esta porcaria! Estou farta disto! Estou saturada!”

Fico um pouco em pânico, porque não está mais ninguém ali nas proximidades para me ajudar a tentar perceber o que está a acontecer, mas a curiosidade impede-me de me abster das frases que são expelidas pela pessoa que está dentro do provador.

“É que pica! Porra, estou farta que esta porcaria pique!”

Portanto, existia algo que estava a picar a senhora que se encontrava dento do provador.

“Olha, merda para isto tudo! Isto aperta-me as mamas, caraças! Estou farta que me apertem as mamas, porra!”

Mamas, portanto… Ou seja, a senhora devia ser avantajada no que diz respeito a mamas, e a peça de roupa que estava a experimentar devia estar-lhe apertada naquela zona do seu corpo.

“Agora é a porra da comichão! Isto faz-me comichão! Porra para isto! Estou farta disto!”

Comichão. Quem aprecia comichão? Ninguém. Comecei a ficar solidário com a senhora, porque a comichão é uma coisa que irrita tremendamente uma pessoa.

“Mas será que nada me serve, caramba?! Parece que só fazem roupa para homem, hoje em dia! Não aguento mais isto, caramba!”

Roupa para homem? Confesso que comecei a ficar confuso nesta fase, mas isso passou rapidamente porque a senhora decidiu interromper o meu raciocínio proferindo outra frase:

“Estou farta disto! Desisto! Bah, caguei para isto!”

Apercebo-me que a senhora vai sair do provador, e fico a imaginar o que sairá dali. Podia muitíssimo bem ser uma senhora bem elegante, com o facto de possuir enormes seios atrapalhar na hora de escolher roupa. Ou então uma senhora bastante anafada, e que não consegue encontrar roupa que lhe sirva adequadamente. E eis que, sem que desse conta, a senhora abriu a porta do provador e deu de caras comigo a olhar para ela de forma curiosa. E tratava-se de uma senhora magra, com um volume mamário relativamente pequeno. Ela olha para mim e apercebe-se que estou a olhar para ela de uma forma estranha, como se estivesse a avaliar-lhe as curvas. E profere as seguintes palavras:

“O que foi, ó?! Nunca viste?! Sai-me da frente, mas é!”

E a minha reacção foi simplesmente dizer:

“Ah, mas afinal a senhora é super magra…”

E ela sai disparada do provador e dá-me um encontrão, fazendo cair a mala da minha mais-que-tudo no chão. Agacho-me para apanhar a mala, e sinto uma mão a arrancar-me a mala da mão. Era a minha namorada que, por aquela altura, já tinha saído do provador e tinha assistido a todo aquele espalhafato. E diz-me:

“Olha lá, ó minha abécula! Então é assim que me estás a ajudar a escolher roupa, é? Deixas-me da mão para ir espiar outras gajas a experimentar roupa noutros provadores? Não tens vergonha na cara?!”

Fico alguns segundos sem reacção, mas depois lá decido esboçar um pequeno sorriso e dizer:

Ó mor, não foi nada disso… Eu enganei-me no provador. Distrai-me e pensava que estavas neste provador…”

Ela olha para mim ostentando a típica expressão facial de quem não está a acreditar numa palavra que seja do que eu estou a dizer, e diz:

“Então mas agora deste em mirone, é?! Não tens vergonha nessa cara?!”

Eu, meio encavacado, argumento:

“Nada disso! A mulher estava aos gritos dentro do provador… Podia estar em sérios apuros e não estava aqui ninguém para a ajudar sem ser eu…”

Ela aproxima-se de mim, como se fosse dar-me um simples beijo, mas agarra-me no queixo com a mão e diz:

“Em apuros ficas tu se me voltas a fazer uma destas, ouviste?!”

Acenei afirmativamente. De seguida coloquei-me de gatas e tentei urinar-lhe para cima… Mas ela já não estava lá, e então dei por mim a sentir-me, simplesmente, estúpido. Levantei-me… e segui atrás dela pelos corredores da loja, tal e qual um cãozinho fiel ao seu dono…

Isto é que é uma Vida de Cão, hem…