A importância de ter a Luísa Sobral

Pela primeira vez, desde há mais de cinco décadas em que participa no evento, como que abandonando a cómoda posição de espetador, Portugal saiu vitorioso da edição deste ano do Eurofestival da Canção.

Ainda por cima, sagrou-se vencedor em toda a linha, tanto ao nível da composição como da performance artística, fazendo-se representar por uma balada que passou a ser entoada por onze milhões de portugueses como se fosse um hino.

Todavia, não um hino qualquer, mas o hino em representação ao país de que se achem naturais as pessoas cujo estado de espírito se revê numa canção de amor.

No tema defendido por Salvador, de autoria da irmã Luísa, existem já motivos de sobra para se desejar ouvi-lo em boa companhia, preferencialmente de mão dada sentado no sofá ao lado de quem se ama. Existe melodia, ritmo, harmonia e até uma letra da qual se deve concluir que amar só é bom quando se é igualmente correspondido.

Com a vitória que traz prestígio a Portugal, na opinião do público luso, Salvador Sobral ascendeu ao primeiro patamar da escadaria em mármore que conduz ao Olimpo. Para isso contribuiu ter-se apresentado condignamente, e digna de registo foi a forma original de cantar. De voz menos nasalada que a irmã, surpreendeu, em palco, uma plateia repleta de admiradores de um género musical diferente, trajando uma indumentária simples mas não simplória ao ponto de algum crítico concluir que, na apresentação de uma canção erudita, o que mais sobressaía por parte do cantor era o seu aspeto pimba.

Congratulo-me por ter vencido aquela canção, chamada “Amar pelos dois”, tão simples a combinar com a beleza da sua compositora Luísa Sobral. E não só por ser portuguesa e a quase todos nós envaidecer. É que, por ser tão bonita, se a moda pega, pode ser que, por cá e nos Eurofestivais da Canção torne a haver espaço para as canções.