João Araújo, o advogado doninha…

Desde que Sócrates foi preso, que o seu advogado de defesa, o shôr João Araújo, viu a sua vida dar uma volta de 360 graus. O homem, que vivia bem escondido da comunicação social, viu-se envolvido numa teia de aranha bem pegajosa da qual não se consegue soltar de forma alguma, e em que a aranha principal é a CMTV.

Mas, assim que colocou os pés na teia, João Araújo optou por lidar com a situação de uma forma um tanto ou quanto inesperada: optando por ser comediante. Ou talvez, até um humorista. E talvez com algum afinco da sua parte, poderia realmente ser o próximo palhaço Batatinha — pelo menos o físico em forma de pêra está lá, bem presente em si. Bastava só pintar a cara de palhaço, e pedir a roupa emprestada ao verdadeiro Batatinha, e a coisa dava-se. Com jeitinho, o palhaço João Araújo até podia vir a ganhar umas massas como duplo do palhaço Batatinha — a vida está difícil neste país, e não se deve fechar a porta a oportunidades de emprego.

Mas, à medida que os Habeas Corpus — com que João Araújo tentou retirar Sócrates da prisão de Évora — iam sendo negados, o advogado comediante começou a revelar o seu verdadeiro eu. Por detrás da máscara de comediante capaz de colocar uma plateia de jornalistas famintos por declarações suas a rir que nem uns perdidos como se estivem num bar algures por Lisboa, sentadinhos com um copo de gin na mão a assistir a um João Araújo cheio de piada em cima de um palco, a fazer Stand-up comedy, afinal está um homem com pouca paciência para aturar “aranhas sugadoras de informação”, e que simplesmente odeia pessoas que cheiram mal. Isso, mesmo: João Araújo gosta de pessoas bem-cheirosas, algo que os jornalistas da CMTV não parecem ser — segundo o próprio, depois de ter acusado uma jornalista da CMTV de não tomar banho e cheirar mal. Mas, eu continuo a dar o beneficio da dúvida a João Araújo. A meu ver, ele continua a ser um comediante, mas não tem o carquejo para o ser — o que o leva a não saber interpretar o que é, de facto, comédia. Optando por usar o insulto. (Penso que ele deve ter ficado surpreendido quando viu as caras espantadas dos jornalistas, em vez de os ver agarrados às barrigas a rir desalmadamente.)

Talvez absorvido por esta paradoxal personalidade de João Araújo, decidi pesquisar um pouco mais sobre ele. E, melhor ainda, tive acesso a uma escuta telefónica entre Sócrates e João Araújo, depois do pequeno incidente com a jornalista da CMTV, que me deixou completamente esclarecido sobre o que se passou para ele ter ordenado à jornalista da CMTV ir tomar banho porque cheirava mal. Ora fiquem com a conversa entre Sócrates e João Araújo… e a sua mulher…

Mulher: João, és tu?

JA: Não filha, é o Papa!

Mulher: Engraçadinho… Olha, vem ter aqui ao quarto que eu tenho uma surpresa para ti…

JA: Já vou… Tenho só de fazer uma pequena chamada e já aí vou…

Mulher: Ok, mas despacha-te que tenho frio…

(João Araújo pega no telefone e liga para o Estabelecimento Prisional de Évora, e pede ao Guarda Prisional para chamar Sócrates… Passados uns minutos, Sócrates atende a chamada…)

Sócrates: João, estás bom, pá?

JA: Está tudo, Zé. Olha…

Sócrates: …Então o que disse o juiz? Vou sair daqui, ou não?

JA: Lamento, Zé… O Habeas Corpus não teve efeito…

Sócrates: Ah, que porra, pá… Lá vou ter de aguentar as piadolas do Paulo Pereira Cristóvão durante mais uns tempos…

JA: Pois, lá terá de ser, pá… Eh pá, ó Zé… devias tomar banho mais vezes, pá… Cheiras um pouco mal…

Sócrates: Ó João, tu estás ao telefone comigo, pá! Não é possível saberes ao que cheiro!

JA: Ah, tens razão… Esquece lá isto… Deve ser o cheiro daquela repórter da CMTV que deve ter ficado entranhado em mim… Bom, depois falamos, ó Zé. Um abraço.

Sócrates: Porreiro, pá!

(Entretanto, a mulher de João Araújo — que se encontra no quarto — volta a chamar por si… e João Araújo dirige-se até ao quarto com o telemóvel na mão, e sem ter desligado a chamada…)

Mulher: Ó João, porra! Tenho frio!

JA: Vou já, caramba!

(Nisto, João Araújo entra no quarto e dá com a sua mulher deitada na cama, ostentando apenas um conjunto de lingerie vermelha…)

JA: Raios! O que vem a ser isto, mulher?!

Mulher: Anda! Quero que me possuas imediatamente! Até porque estou cheia de frio e não aguento mais estar nesta posição!

JA: Pois muito bem! Vamos lá então tratar disso…

Mulher: …João! Que pivete é este? Parece… Hum… Sei lá! E vem de ti! Cheiras mal, João. Pareces uma doninha, homem!

JA: Ah, raios partam aquela jornalista d’um raio! Empestou-me com o cheiro dela!

Mulher: Mas qual jornalista?… João… Que cheiro horrível! Parece… Hum… cheira a merda, João! João, tu cheiras a merda, homem!

JA: Mas que raio…

Mulher: Vê lá se pisaste merda, mas é! Buh, que cheira mesmo a merda!

(João Araújo senta-se na cama, e descalça-se… E assim que olha para a sola do sapato, constata que está repleta de fezes de cão…)

JA: Ora, bolas! Afinal era eu… Afinal quem cheirava mal e precisava de tomar um banho, era eu… Raios…

Mulher: Desaparece daqui, sua doninha malcheirosa!

JA: Isso quer dizer que já não vai haver forrobodó?

Mulher: DESAPARECE!

JA: Irra, que este dia está mesmo a correr mal… PORRA!

Afinal, parece que até cheiras bem, menina jornalista da CMTV. A culpa era mesmo do João Araújo, o advogado doninha…

Até para a semana, malta catita…