Jorge Mendes, a Troika do Porto

Jorge Mendes quer, Jorge Mendes pode e Jorge Mendes tem. O amigo Nuno é treinador do Porto. E porque é que Jorge Mendes pode, quer e tem? Porque o Porto foi incompetente. E como Portugal bem sabe, quando isso acontece… uma qualquer Troika aparece.

Não que Nuno seja mau treinador, aliás, das últimas três escolhas com marca registada “Jorge Mendes” – Fonseca dos egos e super-egos, Lopetegui da rotatividade ventoinha, e agora o amigo do Jamor – Nuno será o melhorzinho deles todos. Mas porque ele não era a escolha, como em Janeiro se percebeu muito bem.

E não era a escolha por razões pertinentes, muito diferentes daquelas que foram dadas a comer aos adeptos portistas. Não foi a escolha porque havia um treinador que dava mais garantias, Marco Silva. Não foi a escolha porque Nuno falhou no último clube que treinou, Valência. Não foi a escolha porque não foi contratado na altura em que o Porto procurava e ele estava disponível, Janeiro. Mas essencialmente, não foi a escolha porque… não foi a escolha.

Antes de falar nas reais razões, na minha opinião, que levam Nuno ao Porto, falemos mais um pouco das razões proferidas por Pinto da Costa.

Primeiro, Pinto da Costa não contratou o amigo de Jorge Mendes porque não o queira queimar. Ok, mas então Mourinho, contratado em condições completamente similares, com uma equipa destruída, tão destruída que ele acabou em terceiro lugar, já pôde ser contratado? A Dona Memória é mesmo uma chata!!!

Segundo, a mais-valia do grande portismo de Nuno. Aqui está algo que olhando mais uma vez para a história do clube não encontra qualquer racionalidade. O já citado Mourinho não era portista, mas trouxe o jogar “à Porto” de volta. A ex-referência do Benfica Artur Jorge fez do Porto campeão europeu. O inglês Bobby Robson, provavelmente, passou quase uma vida sem saber dizer Porto como deve ser. O que é que estes homens têm em comum… foram os melhores treinadores do Porto na era pós Pedroto. Discutível? Sim, mas indiscutível, é que dois deles foram os únicos que colocaram o Porto no mais alto lugar europeu, no lugar “à Porto”. Portanto, nem ser do Porto é uma grande mais valia, e como é óbvio, nem sê-lo também será uma menos-valia.

Ok, então vamos agora falar um bocadinho de Jorge Mendes, do amigo Jorge Mendes, das verdadeiras razões por trás desta contratação de… Jorge Mendes. E todas elas se resumem a uma só… necessidade.

A incompetência conduzirá sempre a um estado de necessidade, e com ela vem a falta de liberdade. A troika chegou a Portugal por causa da nossa necessidade de liquidez, e com ela veio a falta de liberdade de escolha. Porque quem precisa fica à disposição de quem tem.

Neste caso, a incompetência portista conduziu o clube a um estado de necessidade total, com o plantel mais caro de Portugal para despachar, e outro para contratar. E tudo isto, sem liquidez para o fazer.

Estas condicionantes tornaram o terreno fértil para uma qualquer Troika desta vida, Jorge Mendes, aparecer e escolher o futuro do clube.

A questão fundamental desta troika chamada Jorge Mendes é o facto dele ser apenas o maior empresário de jogadores de futebol do mundo, ouviram bem, empresário, não presidente de clube, não gestor de sads desportivas, não diretor desportivo, ele é empresário!! E os empresários não existem para ganhar jogos, não existem para traçar uma estratégia desportiva, existem para ganhar dinheiro. Eles são agentes que devem ser utilizados pelos clubes numa relação de mútuo benefício, e nada mais.

Por isso, este ciclo vicioso que está a acontecer no Porto, em que as consecutivas más escolhas levam a maus resultados, que levam a maior necessidade de contratação de jogadores, que levam à perda de independência na gestão para empresários, que levam novamente a novas más escolhas… tem que acabar. Que o sucesso de Nuno interrompa este ciclo com vitórias, e que elas tragam maior autonomia, mesmo tendo sido ele escolhido pela Troika, perdão, Jorge Mendes.