Lá na minha terra… – Especial de Natal: Natal às escuras

Lá na minha terra ainda não há o cheirinho de Natal, nenhum. As ruas iluminadas, os Pais Natais a trepar as varandas, as luzes nas janelas são coisas que este ano não se vêem como em tempos. Nem o comércio local mostra o espírito… Abençoada loja dos chineses que ilumina uns dez metros de rua com tanta luz natalícia. Avintes, a minha terra, não quer o Natal este ano. Não há o espírito a pairar pelo ar nem menos os enfeites luminosos de “Avintes deseja-lhe boas festas!” A única lembrança natalícia é os panfletos das superfícies comerciais que nos entram pelas caixas de correio adentro. As casas não mostram o espírito, as pessoas muito menos, talvez porque o tempo não está para grandes festarolas e alegrias, mas Natal é Natal, é a festa da família, a data de encher a barriga e aumentar o colesterol!

A rua de Santa Catarina, no Porto, este ano está em retenção de custos. Em tempos logo no final de Novembro as lojas e as ruas se embelezavam com motivos natalícios, as pessoas corriam que nem loucas de loja em loja a comprar os presentes de Natal. Este ano não me parece Natal. A mítica rua apenas tem as pessoas no seu corre-corre atrás das lembran

cinhas (a palavra mais utilizada para substituir “presentes” em tempos de crise), po

rque iluminações, poucas ou quase nenhumas em comparação com aquelas que me iluminavam em anos passados. Os centros comerciais por estes lados estão também probrezinhos de espírito, cor e de Pai Natal. Aliás, Pai Natal dos shopping’s onde andas? Até tu estás sem espírito? Penafiel é outro local que parece querer um Natal às luzes das velas. Três dias pela terra das tortas de São Martinho mostraram-me uma cidade pouco ou nada entusiasmada com a quadra natalícia. Entre cafés, restaurantes, lojas e afins as luzes mais uma vez mostram as retenções de custo das pessoas este ano. As igrejas iluminadas são o único espírito natalício que dá luz à cidade.

Este ano vai ser um Natal às escuras, talvez uma preparação para o ano às escuras que se aproxima. Espero que não faltem as velas e as ditas “lembranças” e que ninguém se prive do bacalhauzinho com todos, e este “todos” que seja a família. Este está a ser um final de ano complicado, mas para muitos é o momento do ano mais esperado, as crianças deliram com os presentes e os mais velhos consolam-se com a presença dos seus mais que tudo em sua casa. O Natal é das poucas alturas em que não se pode pensar em tristezas, se não houver possibilidade para um Natal à grande, faz-se um Natal à medid

a. O importante é fazer feliz, a tradição não está no que a mesa apresenta nem no que o pinheirinho esconde, a tradição está na reunião da família. E acendam as luzes.

Crónica de Daniela Teixeira
Lá na minha terra… Especial de Natal