A mãe do Ruca que me ajude!

Quem disse que ser mãe é a melhor coisa do mundo é porque não conhece os meus filhos. Eu tinha como objectivo ser mãe depois dos 30 ( muito depois ), chego aos 30 com dois mafarricos, sempre agarrados às minhas pernas, esteja aonde estiver, a grunhir sons esquisitos e indecifráveis, com choradeiras aparvalhadas, típico de putos que nasceram com o propósito de levarem uma gaja à loucura.

Os meus filhos são aqueles putos barraqueiros que, quando chegam à praia espantam a malta toda, em menos de dez minutos as pessoas à nossa volta desaparecem como por magia. Da ultima vez, a fulana ao lado soltou um suspiro quando percebeu que íamos dar à sola da praia, com uma frase honesta: Ainda bem que já se vão embora! Os meus filhos são aqueles chavalos barulhentos que vão ao cinema e, de dois em dois minutos, fazem perguntas sobre o filme, pensam que estão a sussurrar, mas estão a falar alto.  Os meus filhos são aqueles miúdos insuportáveis que vão a um restaurante e, não há jantar em que não caia um garfo, uma faca, o molho disto ou o prato daquilo, em que a cadeira aonde estão sentados não faça barulho de tanto arrastar para trás e para a frente no chão. Os meus filhos são aqueles traquinas peganhentos que, de tanto disputarem a atenção da mãe, esta chega a um ponto em que preferia dividir o corpo e a cabeça a meio: o lado esquerdo para um filho e o lado direito para o outro filho . Os meus filhos são aqueles demónios insolentes que fazem dos corredores do supermercado uma autentica pista de carros. Os meus filhos são aqueles miúdos oportunistas que, quando fazem merda, escrevem bilhetes para a mãe com a frase: és a melhor mãe do Mundo, em letras grandes e corações.

Ah, a maternidade é a melhor coisa do mundo e tal…ide ver se chove, desde que tive de lhes limpar o rabo do primeiro cocó, um género de mousse verde vomitada, percebi que estava completamente tramada! Por isso, resolvi pedir ajuda à mãe do Ruca. A mãe do Ruca é um exemplo a seguir, não fosse pela roupinha que é sempre a mesma e a bandolete azul no cabelo, eu já lhe tinha copiado o estilo. Aliás, acho que um dos seus grandes segredos para ser uma mãe tão paciente e razoável é, o facto de todos lá em casa vestirem sempre a mesma roupa, poupa em tempo, luz e detergente, é uma óptima ideia, vou fazer o mesmo. A forma como ela ensina o Ruca, sempre amável e carinhosa, a forma como ela lhe chama a atenção mesmo quando ele faz merda é de louvar, quando ele e a chata da irmã, a Rosita, entram em conflito, a mãe do Ruca resolve com a maior das calmas, nunca ouvi aquela mulher dar um berro, falar mais alto ou de forma arrogante para os filhos, é fofinho para aqui e fofinho para acolá. Maravilhosa a mãe do Ruca, por isso, vou pedir a sua ajuda, quero que ela me diga o que é que ela anda a snifar para eu snifar do mesmo.

Informação nada importante: A autora desta crónica demorou cerca de seis horas, trinta e dois minutos e treze segundos para escrever este texto ridículo de quatro parágrafos, já sabem o motivo leitores.