The Monster (Eminem ft Rihanna) – Carla Vieira

Quando o novo álbum do Eminem saiu (chamado The Marshall Mathers LP 2 ou MMLP2 para ser mais sucinto), os fãs aclamaram e esperaram o melhor dos melhores. Sendo uma sequela do MMLP original, não se esperava nada medíocre nem passível de ser mau. Falando pela minha opinião, não fiquei nada desiludida e ainda bem que comprei a versão Deluxe, que inclui mais cinco músicas espectaculares (das quais se destaca Beautiful Pain com a Sia).

Como Eminem junkie que sou, fui logo agarrar-me a algumas páginas web para ver as letras das músicas em conjunto com o som e, em alguns casos, o vídeo, tal como esta música vai ter. Algo muito interessante de ver é a afluência com que as pessoas comentam e a quantidade de opiniões divergentes entre todas as pessoas que se chamam fãs.

Por exemplo, por cada pessoa que diz que adora a música, há outra pessoa que diz que esta música é um descalabro total e a voz da Rihanna não está lá a fazer nada. Não entendo quem diz isto, e eu sei que não sou a pessoa mais isenta, mas esta já não é a primeira colaboração que estes dois artistas fazem e eu pessoalmente não desgosto da voz da cantora, há vozes bem piores.

A primeira razão e a mais falada é que o som é demasiado “discoteca” e é “som de rádio”, o que retira muita da emoção negra que é suposto existir. Okay, entendo isso mais ou menos, afinal de contas o refrão tem uma batida que é própria para dançar e mexer. Nada mais “inapropriado” para uma canção sobre um monstro, certo? Não, não.

Não.

Não, e vou-vos explicar porquê assim muito sinteticamente. Primeiro, o som é sim subtil durante os versos em que o Eminem dá ar de si, e só muda quando vem a parte da Rihanna. Muda por duas razões a meu ver: primeiro porque a voz da Rihanna é mais apelativa com um som assim mais mexido e alegre, enquanto que o busílis da música é a voz do Eminem e por isso a batida acalma perfeitamente ao som da voz dele, e muda também por outra razão mais… Sublime, digamos.

O refrão exprime apenas e somente o ponto de vista de alguém que controla (ou não luta contra) os seus demónios. Não é difícil entender que devido ao contexto da música estamos a falar dos vários problemas com que o Eminem teve de lidar durante vários anos, e apenas o refrão ser assim mexidinho explica muitas coisas, como por exemplo o sentimento de libertação quando finalmente percebemos contra o que estamos a lutar e que a luta não precisa de ser assim tão raivosa.

Não estou com isto a dizer que as pessoas que têm problemas não devam lutar contra eles, que se deixem estar, essas coisas. Isso é feio, não façam isso. Não corram o risco sequer de pensarem “oh bem, a minha doença faz parte de mim, os sintomas fazem de mim aquilo que eu sou” não não não. Esse não é um luxo que possam ter, okay? Esta música pode ser catártica para muita gente mas ainda assim não desculpa ninguém.

O que eu estou simplesmente a dizer é que é libertador (pelo menos para o Eminem, e é perfeitamente o estilo dele) tornar algo escuro numa explosão de luz. Não gostam da música? Que não seja por aí, ninguém vos obriga a gostar, mas falar tão levianamente do tom da música, da batida que é assim e assado, da colaboração com a Rihanna… Por favor, está? Haja paciência para as pessoas que não são capazes de compreender uma canção para além de quem a canta, e por isso resmungam que é apenas um chamariz de rádio e assim e assado.

Com isto dito, vou só ali ouvir todas as músicas dele de enfiada e já volto.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente