Monstros e Companhia

Há muitos e largos anos que gosto de ver o telejornal das 20h; gosto de estar a par do que se passa no mundo mas, essencialmente, do que acontece neste pequeno meu país. Tirei uma licenciatura em comunicação, com a sua vertente de comunicação social que me fascina profundamente, sendo nessa área que vejo e ambiciono o meu futuro. Vi e aprendi que os noticiários do horário nobre se subdividem em algumas áreas nomeadamente política, economia, desporto, sociedade, internacional e afins mas hoje, consigo acrescentar um novo, deplorável, nojento e repugnante setor noticioso: pedofilia. As notícias, nacionais e internacionais, sobre este assunto são cada vez mais e cada vez mais chocantes (se é que é possível fazer uma escala de choque, porque todo o caso deste género para mim é execrável).

Uma menina de doze anos está internada no Santa Maria grávida de cinco meses do padrasto. O homem foi detido preventivamente. A mãe constituída arguida por nunca ter denunciado o caso. A menor já tinha sido retirada à família com três anos de idade, algum tempo depois regressou a casa e, atualmente, já nem estava sinalizada pela segurança social (provavelmente algum engravatadinho com um canudo qualquer em psicologia, sociologia ou assistência social acreditou que o milagre do santinho do monte mais longínquo e perdido no interior alentejano poderia ter ocorrido e transformado estes dois em pais decentes; pais que amam; pais que protegem; pais que cuidam!) e adivinhem, não aconteceu!… O Hospital de Lisboa ficou encarregue de tomar uma decisão sobre o futuro desta criança e, segundo consta, essa decisão está tomada mas, para proteger a privacidade da menina, não é de conhecimento público. De forma concisa, resumida e direta a lei prevê que até às 16 semanas se pode abortar caso de trate de um caso de violação – a lei faz sempre muitas previsões, cheia de inveja dos antigos oráculos, mas não prevê nenhuma distinção entre casos em que a mãe se trate de uma criança de doze anos ou de uma mulher adulta! A gravidez em causa foi detetada agora, às 20 semanas de gestação. Outra previsão daquelas boas é que, no caso de se tratarem de menores, a decisão final, mesmo acima da do hospital, será sempre do seu representante legal. Mas qual deles? O representante legal que a violou ou o representante legal que compactuou com esta atrocidade? Bem me parecia. Só espero que o Santa Maria possa passar por cima desta parafernália toda constitucional e agir de acordo com o bem desta menina! Concordo plenamente que não se grite aos sete ventos aquilo que vão ser os próximos meses ou os próximos anos da vida desta criança, já os próximos tempo do homem que a violou deviam ser do conhecimento mundial, aliás… para mim seriam apenas “próximas horas” porque facilmente eu decidiria qual seria o seu futuro, ou a sua falta dele! Sim. Para mim a solução é exatamente aquela que vocês estão a pensar, uns boquiabertos por eu ser a favor da pena de morte nalguns casos e outros a acenar a cabeça por concordarem comigo. Entendo. Aceito. E respeito mas para mim, sim, essa seria a sentença. E não me venham com as conversinhas de que ninguém é Deus para decidir quando termina a vida de outra pessoa. Eu não quero ser Deus, não ambiciono sê-lo e também não sou daqueles que dá lá largas à imaginação mais sombria de todas e se inspira em torturas da saga do Jigsaw para determinar este tipo de condenação, nada disso. Por mim era muito simples sinceramente… Sem gastos sociais ou estatais (que na verdade vai dar ao mesmo e sair tudo do mesmo bolso!) em anestesias e injeções esquisitas, era só colocar a fotografia do sujeito em questão em pleno telejornal da noite e soltá-lo, libertá-lo, quais prisões preventivas quais quê, o ar puro da rua é tão bom para a saúde, que garanto que lhe tratavam da saúde!

E para os que neste momento estão a questionar a minha mentalidade posso dizer-vos que a notícia que sucedeu a esta barbaridade foi a de um professor de Educação Física em Penafiel acusado de cerca de 439 crimes de abuso sexual infantil, este caso está a ser julgado com recurso a júri, algo pouco usual em Portugal. Eu só gostava de fazer parte desse júri.

Por fim, foi debatido no parlamento a proposta governamental de criar uma lista pública dos condenados por pedofilia permitindo o acesso a todos os tutores de crianças até aos 16 anos; o Conselho Superior do Ministério Público considerou a proposta como desproporcional e inexequível – desproporcional vai ser a vida de todas as vítimas destes abusos, inexequíveis serão os sonhos destas crianças traumatizadas e marcadas para toda a vida! A Comissão de Protecão de Dados também criticou fortemente esta ideia uma vez que considera “excessiva, desadequada e desnessária” esta publicação que poderá dar aso a uma “sociedade civil policial” – desnecessário é haverem pirralhas e traquinas sujeitos a estes monstros! O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos surge de acordo com a existência deste tipo de registos criminais. A Cronista que se Encontra Muito Indignada neste Momento (só para continuar no registo de nomes pomposos com letra maiúscula!) continua a achar que há coisas que deviam ser resolvidas à moda antiga mas eu já estou habituada a ter mau feitio e a ser tipo velho do Restelo. Para mim, estes homens, após provadas e confirmadas as práticas de abuso sexual infantil de que são acusados tinham todos o mesmo destino. Não há reinserção, nem proteção, nem defesa possível para estas bestas que não sabem o valor daquilo que é mais puro, bonito e genuíno no mundo – as crianças.