Mundo do Coquinha – Especial de Natal

“Feliz Natal!” Quantas vezes já não ouvi esta expressão este mês…  outros há que me desejam “Boas Festas” numa tentativa de serem politicamente correctos para o caso de eu não ser católico. A intenção é na maioria das vezes boa, ainda que frequentemente as frases sejam ditas quase de forma robótica, principalmente nas lojas e cafés onde mais parece que os funcionários engoliram uma cassete.

Mas afinal o que é esse Natal e essas Festas que tantos me desejam ser felizes e boas? Muitos queixam-se que se perdeu o verdadeiro sentimento e a real essência do natal, pessoalmente acho que esse sentimento e essência nunca existiram. Para muitos a definição de Natal é o dia de nascimento de Cristo. Ainda que não queira contestar este facto, nem tão pouco entrar numa discussão religiosa, a realidade é que muitos não acreditam que assim seja.

 

Esta é uma altura do ano em que muitos procuram ajudar os outros. Uns fazem-no de forma altruísta dando o que podem a instituições de caridade e de apoio social ou directamente a quem mais precisa, enquanto outros procuram uma forma mais activa de ajudar voluntariando-se para ajudarem quem mais necessita. Sentimentos muito nobres sem a mínima dúvida, pena é que muitos só o façam no mês de dezembro quando, com certeza, o poderiam fazer noutras alturas do ano. Mas ainda assim fico contente por ver este tipo de actividades, até porque isto me dá esperança de ainda viver num país onde ainda há quem se importa com os outros que são socialmente desfavorecidos.

 

As crianças são quem mais se diverte nesta época festiva, muitos dizem mesmo que o natal é para os pequeninos, para elas tudo é divertido e não acaba o dia sem recebem prendas deixadas por um senhor gordo, de barbas brancas, que se vestiu de vermelho graças a uma conhecida marca de refrigerantes. Certamente para muitas delas o natal é apenas e tão somente uma altura do ano para receberem grandes prendas e pouco lhes interessa saber o porquê de isso acontecer.

Os pais fazem tudo pelos filhos (pelo menos os bons pais) e por isso mesmo vemos centenas de pais a comprar brinquedos e doces para eles. As lojas de brinquedos abarrotam de clientes procurando aquele jogo ou aquela boneca que os filhos tanto pediram e as confeitarias nem têm mãos a medir com tanta gente a querer comprar pão-de-ló e bolo rei.

 

Vivemos numa sociedade maioritariamente católica e muitos dos nossos feriados nacionais e regionais são motivados por celebrações religiosas. Uma das coisas que todos aprendemos (ou deveríamos ter aprendido) foi que para vivermos em sociedade temos de ser tolerantes e respeitar os outros que connosco interagem. Também por isso muitos substituíram a tradicional saudação de “Feliz Natal” por “Boas Festas” por forma a integrarem e a não ofenderem quem não é católico.

Ainda que esta expressão seja politica e religiosamente correcta, não vejo razão de ser para ela ter de existir ou para ser encarada como melhor. Por um lado quem não é católico terá de ser tolerante com quem é, além do mais o nome do feriado é Natal pelo que nem sequer há motivo para discussão. Por outro lado as festas são em si uma celebração religiosa pelo que em pouco altera a percepção de quem ouve “festas” em vez de “natal” e facto de haver um reconhecimento oficial desta data como feriado os obriga a não trabalharem.

 

O verdadeiro problema desta época é que muitos se questionam sobre a importância do natal, sobre a perda do seu verdadeiro significado, sobre a crise que todos dizem quebrar o espírito natalício… tantas questões de importância relativa que só nos põem a pensar em círculos numa altura que todos procuram, aliás deviam procurar, a felicidade. Enfim eu sou mais prático e penso apenas que tenho uma oportunidade de estar com a família e amigos. Muitos há que assim também pensam e, ainda que em parte surpreendente, também a Igreja Católica que nos diz isso mesmo. Portanto mesmo que nem todos acreditem e que nem todos celebrem o natal, todos têm a oportunidade de estar com familiares e amigos, coisa que certamente contribui para esse “espírito natalício”.

 

Se o natal é quando um homem quiser, eu quero que seja natal todos os dias!

Despeço-me portanto de todos, não com o desejo de um feliz natal, mas com os desejos de aproveitarem estes dias de descanso e que passem estas festividades na companhia de todos os que vos são queridos. Bom feriado!

Crónica de Coquinha
Mundo do Coquinha  Especial de Natal