O Idiota da Aldeia – Especial de Natal

Apesar de considerar o Natal uma época patológica – não é normal celebrar o aniversário de alguém que faleceu há 1978 anos atrás, é um processo de luto mal resolvido – por uma questão de cordialidade, gostaria de desejar a todos um santo Natal, cheio de amor, alegria e felicidade, na companhia daqueles que vos são realmente próximos. Quer dizer, a todos menos aos seguintes grupos de pessoas:

  • Aqueles que enviam SMS de Natal que não estão minimamente personalizados e que, por isso, não significam absolutamente nada. Tentem ao menos incluir o nome do destinatário, ok? Sempre fica a parecer que se esforçaram;
  • As bestas que, com o propósito de nos transmitirem que os seus votos são verdadeiros e sentidos, optam somente por reencaminhar e-mails que receberam sem sequer apagar a morada de quem os enviou;
  • Os amiguinhos do Facebook que põem um tag nosso numa foto natalícia, juntamente com o tag de outras cinquenta pessoas. Não só é agradável ter o meu perfil poluído por estas porcarias, como também me divirto imenso a receber avisos de comentários de desconhecidos. Fico especialmente comovido quando percebo que me estão a desejar as boas festas ao mesmo tempo que as desejam à Associação Nacional de Amas;
  • Os familiares que nos conhecem desde sempre mas que nos continuam a oferecer aqueles bombons que detestamos;
  • As grandes empresas de roupa, música, telecomunicações e afins, que nos enviam SMS natalícias com o intuito mostrarem que, nesta época mágica, se lembram de nós. Quer dizer, não é bem de nós, é mais do nosso número de telemóvel. E haverá forma mais enternecedora de mostrarem que se preocupam, do que enviar uma mensagem a dizer “Bom Natal”, seguida de “Até dia 24 de Dezembro promoções em (inserir produto à escolha)”?;
  • A gentalha que oferece cheques-oferta. É gratificante saber que significamos tanto para vocês que nem sequer puderam dispender tempo e imaginação a pensar numa prenda, preferindo ao invés oferecerem-nos um pedaço de papel inócuo e asséptico. Um cheque-oferta não é um presente, é uma imposição. É estarem a dizer-nos: “não me interessa o que fazes com o dinheiro, mas tens obrigatoriamente que o gastar NESTA loja”.

A todos estes acima referidos desejo, com toda a força do meu ser, que sufoquem em papel de embrulho, que sejam electrocutados na árvore de Natal ou mesmo que, aquela última fatia dourada que comeram, seja a responsável pelo acidente vascular cerebral que irão sofrer brevemente.

Calma, estou só a brincar. Nunca iria desejar nada de mal a ninguém numa época de união. Mesmo aos que integram os grupos de pessoas supracitados, gostaria de deixar os meus votos de um dia de Natal muito bem passado com todos os que têm significado para vocês. Excluindo, claro, os que pertencem ao grupo das grandes empresas. Em relação a esses, estou mesmo a falar a sério.