O Natal é quando um Homem quiser, o último dia do mercado de Transferências, não.

Chegou o dia mais quente do ano. Esqueçam os termómetros, não liguem as ventoinhas e sintam-se à vontade para andar de gorro, porque a temperatura só vai subir no que aos negócios futebolísticos diz respeito. Dia 1 de Setembro é o dia marcado para o fecho das transferências de jogadores no mundo do futebol, ou como quem diz, o último dia em que ainda é possível sonhar e acreditar até ao último segundo que aquele jogador, que já foi noticiado umas 40 vezes e nunca veio, virá de uma vez.

Por muito que um dérbi seja um dérbi, o certo é que nada substitui o último dia do mercado, pelo menos no que toca à importância. Neste preciso dia, todos os resultados, os amuos, bem como as más exibições e os conflitos, são esquecidos e completamente postos de parte. Hoje ninguém vai pensar no frango do Artur, no fraco fulgor do Nani, ou na falta de capacidade do Capel. Não. Esta circunstância, fará com que todos os fanáticos e aficionados pelo desporto rei estejam pregados à televisão, ao computador, ao rádio e, mal comece o dia, comprem todos os jornais que conseguirem para se manterem informados até ao tutano sobre os “vai-não vai” que apareçam.

O fecho do mercado é o Dia D para todos os clubes e os seus adeptos, não haverá um desembarque na Normandia, mas todos esperam que o reforço surpresa chegue a bom porto. A agitação será enorme. Isso sucederá por diversas razões, tanto pelo facto dos clubes não terem recursos financeiros suficientes para convencer os vendedores à primeira, ou por não terem conseguido despachar o “entulho” que lhe resta, ou então porque,  após todas as tentativas falhadas, acabará por vir a última hipótese pensada, a mais remota e menos desejada. Esta efeméride é global, todos os clubes da Europa vão ultimando os seus plantéis e esperançando os seus adeptos. No que toca aos restantes, aqueles cujo mercado ainda não fechou ou se encontra fechado há já algum tempo, vão-se movimentando no sentido de realizar encaixes financeiros, quer vendendo mais-valias ou efectuando lucro através de negócios manhosos em que o clube comprador sai prejudicado. O certo é que nenhum dirigente, treinador, ou mesmo jogador, parará quieto e, após toda a actividade desenvolvida, todos tentarão fazer com que, na manhã seguinte, tudo seja um lugar melhor e cheio de esperanças renovadas.

No que a Portugal diz respeito, é expectável que todas, ou quase todas, as equipas da Primeira Liga se movimentem. No espectro dos três do costume, o cenário é o habitual. Nenhum dá o plantel completamente por fechado, mas nenhum assume a certeza de que chegará um reforço. No F.C. Porto, e após falhada a contratação de Clasie, ainda se acredita em Darder, ou na contratação de mais um 8. No Sporting, não se fecha a porta a algum eventual negócio e, tal como o Porto, urge a necessidade de se correr com os excendentários. No que ao Benfica diz respeito, Jorge Jesus tem a missão mais espinhosa, procura um avançado – que tarda em aparecer- mas por outro lado tem igualmente de acautelar a possível saída de Enzo Pérez, isto até ao último minuto. Não tem a vida nada fácil o treinador dos encarnados. As restantes equipas, como o Belenenses, o Nacional, o Braga, o Rio Ave, e mais uns tantos, procuram fazer as últimas alterações nos seus plantéis, de forma a torná-los mais actrativos e coesos, podendo assim ir ao encontro das suas expectativas e planos traçados no inicio da época. Um dia fulcral para todos, portanto.

Dizem que o Natal é quando um Homem quiser, o certo é que o dia do fecho do mercado, ou utilizando a expressão inglesa “Transfer Deadline Day”, não. É “O” momento do ano, a altura mais empolgante e emotiva no que concerne ao futebol. Não há três ou quatro por ano, há um. É impossível ficar-se indiferente e ter uma atitude passiva. Este é o último momento para acreditar que o Messi ou o Ronaldo assinarão pelo Cucujães, a única altura em que qualquer rumor terá fundamento até às 00h00 e em que todos os jogadores serão vistos em 325 hotéis diferentes no espaço de uma hora. A mítica frase de São Tomé só será válida na manhã seguinte, o “ver para crer” não tem espaço na cabeça dos que vibram com o suspiro final do mercado. Da minha parte, e como bom aficionado que sou, deixarei a emoção do Dia Mais Importante Do Ano correr-me nas veias e ficarei embriagado pelo nervoso. Feliz “Transfer Deadline Day”!