O Portugal dos pequeninos – A minha Vida e outras insanidades

Uma insanidade de hoje em dia é a maneira como as crianças deste mundo (principalmente no ocidente) vive a sua infância. No meu tempo a infância era brincar às escondidas, saltar à corda, jogar à apanhada e brincar com carrinhos e nenucos ou barbies.

Hoje os miúdos passam a vida fechados em casa, numa prisão de solidão, tantas vezes sozinhos com os seus videojogos, com os pais ausentes e constantemente ocupados. Comem cada vez mais a chamada “fast food”, doces, são obesos e cansam-se depressa. Agora já não há brincadeiras na rua até ao anoitecer, pelo medo da pedofilia e dos assaltantes, porque o perigo espreita em casa esquina, mesmo nos bairros onde todos se conhecem. A publicidade apela à desvalorização dos brinquedos simples e ao consumo massivo, que forma os meninos “mimados”. Os pais muitas vezes ampliam estes perigos do mundo, tornando as crianças medrosas e superprotegidas.

A criança já não é um ser despreocupado, é sim criado em extremos: ou num completo desamparo, ou numa bolha cor-de-rosa, que quando rebenta larga este ser numa selva, que é o mundo.

Por outro lado, a infância é cada vez mais favorecida, mesmo em países como Portugal. Temos uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas da U.E ,  ( passamos da mais elevada da U.E , em 1985 , para ultrapassar o Reino Unido , a Irlanda e a Grécia em 2000, com uma  taxa de 5,5%) , um hospital premiado a nível dos cuidados de saúde infantis ( Hospital D. Estefânia) e segundo alguns estudos somos dos países em que os pais mais brincam com os filhos e passam tempo com eles , apesar do stress em que vivemos.

Agora é questão de fazer mais pelos direitos das crianças dos países em desenvolvimento, dado que organizações como a UNICEF têm hoje muita da sua ação reprimida pelo momento de recessão internacional em que vivemos. É fundamental ser-se solidário e começar por mudar o que está mal no nosso próprio país , e depois chegar aos chamados países de Terceiro Mundo , em que ainda existe o acréscimo do trabalho infantil , conflitos armados e cada vez mais fome e insegurança , sendo as crianças as mais prejudicadas.

Ainda não chegámos ao dia da criança, mas assim aproveito já para expressar o meu descontentamento para com o tratamento de que ainda não tem (ou tem menos) voz para se queixar.

Como diz o anúncio : O mundo  é dos pe-que-ni-nos.


Crónica de Sofia Marques
A minha Vida e outras Insanidades