Oi? Cadé a PT?

Durante esta ainda minha curta vida de 44 anos, tenho sentido alguns sentimentos de orgulho de “coisas” do meu país, como por exemplo:

– no campo da política – a nossa alegadamente constituição progressista; a nossa revolução pacífica; a nossa entrada na CEE;

– no campo da literatura – os nossos poetas e escritores com reconhecido prestígio internacional, principalmente José Saramago pelo seu Prémio Nobel;

– no campo social – os nossos emigrantes serem reconhecidos como exímios trabalhadores e lutadores no estrangeiro, onde conseguem grande sucesso e protagonismo;

– no desporto – o record de Fernando Mamede; as medalhas de ouro principalmente de Carlos Lopes e Rosa Mota; o sucesso de José Mourinho, Manuel José e Cristiano Ronaldo; as participações portuguesas na Fórmula 1 de Pedro Lamy e Pedro Matos Chaves… entre outros;

– Sempre, mas sempre, a nossa história de descobertas e conquistas marítimas, o nosso poder negocial e o nosso jeito especial para “dar a volta aos espanhóis” desde sempre.

Apesar de ter tido a sorte de viver quase sempre em democracia e no seio de uma família que proporcinou tudo aquilo que eu quiz aproveitar, não restam muitos mais “orgulhos” de feitos históricos recentes, antes pelo contrário: o que sinto é uma nação outrora poderosa e influente, não pela sua dimensão, mas pela sua história, pelos seus valentes feitos, pela sua integridade, compleitude e coesão… dizia eu que… uma nação outrora poderosa e influente tem-se toda ela vendido em praça pública desde os tempos da revolução.

Das poucas jóias que a coroa da “outra senhora” nos deixou, conseguindo amealhar tortentoso tesouro à custa dos sacrifícios e misérias do povo e às custas da manutenção de uma terrível guerra do ultramar que tantas famílias devastou… dizia eu que… das poucas jóias que a coroa da “outra senhora” nos deixou e que outros depois dela tentaram manter, já não conseguimos aguentar muitas mais em território nacional: cimenteiras, pastas de papel, energia, imprensa, metalúrgica, entre muitas outras áreas onde o país está a perder a sua influência em setores tão estratégicos como os enunciados. Resta-nos alguns empresários lutadores que vão tentando deixar cá ainda alguma coisa, para que não fuja tudo. Até os clássicos CTT e futuramente, também será a TAP a ir embora para mãos alheias.

Quanto à PT que, apesar de privada continuava a ser uma das empresas que mais investia em território nacional, cuja política expansionista para a América, principalmente para o Brasil se afirurava como um meio de ganhar ainda mais poderio e influência internacional ao nível das telecomunicações… apareceram uns certos lobos que se disfarçaram de avozinha e, apesar de possuirem focinhos, olhos, orelhas e dentes muito grandes… nós os capuchinhos não demos conta e…. ZÁZ! Comeu-nos a todos… por parvos… até o governo… até o Banco de Portugal… até a oposição… enfim todos mesmo! E, num ápice – leia-se “em poucos anos” – uma empresa que chegou a valer quase 20 mil milhões de euros, vale hoje uns “escassos” 4 mil milhões.

Pergunto: como se pode perder assim tanto dinheiro??? Perder? Não! Ele apenas mudou de mãos! Resta saber é para que mãos foi este dinheiro todo.

Resta-nos fazer contas um dia destes, olhar para as mãos e verificar bem… beliscar, se for preciso, para nos inteirarmos se ainda temos dedos ou se, alguém além dos anéis, também já carregou com os nossos dedos e nos chupou o nosso sangue. Resta-nos então o quê, depois de vendermos a TAP, de perdermos o controle da PT, etc… vender os castelos, os mosteiros e os museus? Alugarmos os rios para nos levarem a nossa água? Vendermos a berlengas, quiçá a Madeira ou os Açores?

E para quê? Para os cerca de 5 milhões de portugueses que cá viverão daqui a 20 anos, se não começarmos a reproduzir-nos acelaradamente?…

Ficam as interrogações, para quem ainda estiver disposto(a) a pensar, depois de ver todas as três novelas do serão…