Bombeiros portugueses

Os imprescindíveis

Muito se passou nesta semana. Temos andado ao sabor do que a comunicação social, mais ou menos isenta, nos quer mostrar. Ora é a direita europeia (incluindo a portuguesa) a querer impor a culpa ao governo em funções há menos de um ano do desgoverno das contas públicas, especialmente depois do caso BANIF, ora é a esquerda a apontar o dedo aos cargos de Portas em empresas com as quais se relacionou enquanto membro do governo, para voltar novamente ao apontar do dedo da direita ao secretário de Estado que aceitou a oferta de uma das patrocinadoras da selecção nacional (uma empresa contribuinte, tal como todas as outras, mas de grande dimensão, que dá pelo nome de Galp e daí o burburinho) para ir ver um jogo da mesma a França.

Site da ANPC, 07/08/2016, 19:15
Site da ANPC, 07/08/2016, 19:15

Haveria, portanto, muito tema para escolher. Mas para mim há um tema maior que todos estes: os fogos florestais e a protecção civil. O novo site da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ainda com alguns problemas no mapa, pelo que pude constatar) mostra todas as ocorrências a nível nacional (não só incêndios). E, às 19:15, mostrava 630 ocorrências activas, nas quais participavam 4962 operacionais, 1591 meios terrestres e 29 meios aéreos. A maior incidência de ocorrências eram no distrito do Porto.

Apesar de não se tratar apenas de incêndios, estes números, associado ao intenso calor, faz-me recordar os bombeiros. E embora seja injusto pensar só nos bombeiros nestas ocasiões – porque eles estão em alerta 365 dias por ano, 24 horas por dia, quer para incêndios, quer para transportes de doentes urgentes e não urgentes, desencarceramentos, abertura de portas, etc -, as imagens que vemos todos os anos no Verão, dos chamados “soldados da paz”, a combater as chamas até à exaustão, muitas vezes em condições sub-humanas, são inesquecíveis, impossíveis de apagar da memória. Alguns acabam por ceder e dar a vida para salvar as vidas de outros e os bens de todos.

Por isso, neste mês complicado para todos aqueles que dedicam a vida à Protecção Civil, uso este meu espaço de opinião para reconhecer e prestar homenagem aos bombeiros, GIPS e, em geral, a todos aqueles envolvidos no sistema nacional de Protecção Civil que todos os anos, 365 dias por ano, mas em especial nos meses de Verão, dedicam-se de alma e coração, com uma força inesgotável e uma coragem desmedida à protecção de todos nós (vidas e bens). Basta pensar na expressão que os bombeiros adoptaram como lema: “Podemos não voltar, mas vamos!”

A todos eles o meu reconhecimento, a minha força e o desejo que, no final de cada “batalha”, regressem a casa são e salvos.

Crónica de João Cerveira

Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990