Os meets são uma coisa perigosa!

“Como é puto, tass?! Buga fazer um meet?!” – “Bora! Mas sem estrilhos…” E assim começa mais uma aventura, da nova moda da actualidade: os ‘meets’ – ou, como os brasileiros dizem: os ‘rolés’.

Os ‘meets’, ou rolés, não são novidade nenhuma para mim. Posso-lhe dizer que já há mais de 30 anos que ando nesta vida… O meu primeiro ‘meet’ foi em 1984. Lembro-me como se tivesse sido ontem: éramos umas 70 ou 80 pessoas, todos a conversar, um ambiente espectacular, até que chegou um tipo e arruinou todo o bom ambiente que por lá se vivia. Ele apareceu, assim vindo do nada, e despejou-me um monte de água por cima da cabeça. Fiquei possesso. Desatei a espernear, a gritar, a chorar, estava capaz do matar. Mas o problema é que ele era bem maior que eu e toda a gente sabe que quando há este tipo de confusões nunca ninguém se mete para ajudar. Só para vocês verem, o meu pai estava ali, mesmo do meu lado, e não foi capaz de me defender. Pior!! Ainda teve o desplante de se virar para a minha mãe e dizer: “Olha querida, o nosso menino já é filho de Deus.”

Mas a cena dos ‘meets’ sempre foi uma constante na minha vida…
5 anos depois desse episódio, estive envolvido noutro. Éramos sensivelmente uns 200. Todos a correr, a saltar, a brincar e a conhecermo-nos uns aos outros. Até que, mais uma vez, chega alguém para estragar a brincadeira. Então não é que aparece uma senhora e desata a gritar com a malta?! E como se não fosse suficiente, ainda coloca o raio de uma campainha, a fazer um chinfrim dos diabos, só para a malta dispersar… Resultado: em menos de nada aquele agradável ‘meet’ de 200 putos transformou-se numa série de grupinhos, de 20 a 30 miúdos cada, sem sabermos se alguma vez nos voltaríamos a encontrar…

Depois desse fatídico dia estive muito tempo longe destes encontros. Não valia pena. Eu sabia que inevitavelmente iria acabar por haver confusão. É que, parecendo que não, há sempre gente que adora estragar um bom ‘meet’. Quer sejam padres, polícias, continas, ou o meu primo Zé Tó…

(O Zé Tó é aquele primo afastado, que todos temos, de quem morremos de vergonha…
– ele é afastado parentalmente porque é filho do tio, do primo, do irmão, do pai;
– é afastado cerebralmente porque os seus neurónios não se dão uns com os outros;
– é afastado regionalmente porque mora ‘atrás do sol posto’, numa terra onde nem ele próprio sabe onde é;
– e é afastado socialmente porque não se sabe comportar em público;

O único lugar onde o Zé Tó não é afastado é nas sobrancelhas. Tem uma sobrancelha única, tão espessa, que é capaz de fazer inveja a muita pélvis feminina.)

Então e porque é que eu me fui lembrar do meu primo Zé Tó? (perguntarão os caríssimos leitores.) Simples… É porque o último ‘meet’ onde eu estive, foi ele quem o estragou…

300 pessoas, todas a conviver umas com as outras. Gente que já não se via há mais de 20 anos, outros que nunca se tinham visto na vida, outros ainda que se vêm todos os dias mas não fingem que não se conhecem… Todos ali, reunidos em perfeita harmonia, a socializar, quando o Zé Tó grita: “Então maltinha… Agora que já se enterrou a velha vamos morfar ou não?!” Epá, não se faz… Mais valia que o Zé Tó tivesse dado com uma chave de fendas no bucho do meu tio. O velho apanhou um camadão de nervos tão grande, mas tão grande, que faleceu logo ali. Uma desgraça… Tudo a chorar, uns a desmaiarem, outros a gritarem e o Zé Tó a comer. Os únicos satisfeitos naquele ‘meet’ eram o Zé Tó e os meus primos (que aproveitaram que o velho tinha morrido e enfiaram-no no caixão com a minha tia e ainda receberam logo a herança.)

Depois desse dia jurei que nunca mais iria a nenhum ‘meet’. Então um tipo está descontraidamente a falar com uma pessoa e ela falece assim, sem mais nem menos?! Como é que um encontro onde alguém pode acabar morto pode ser uma coisa boa? Qual é a ideia de se fazer um ‘meet’ quando se sabe de antemão que vai haver confusão depois?! Malta organizadora de ‘meets’, vocês oiçam bem o conselho que eu vos dou: “Epá, deixem-se disso. Os ‘rolezinhos’ são uma moda muito perigosa. Até porque a maior parte de vocês deve ter umas 3 ou 4 namoradas no Facebook e a última coisa que deviam querer era junta-las todas num só local.”