Os táxis e a Uber

Costumo usar – como acho que muita gente – o termo “tiro no pé” para quem, intencionalmente ou não, faz algo que, em vez de ajudar, o ou a prejudica. E acho que os taxistas deram vários “tiros nos pés”.

Desde logo nunca é demais lembrar que um tribunal (não me recordo qual) aceitou uma providência cautelar apresentada pela ANTRAL (a mais representativa associação de taxistas) para evitar a actividade da Uber em Portugal. Todavia a referida associação e/ou quem lhe presta apoio jurídico cometeu a gafe de colocar o nome da Uber que opera nos Estados Unidos e não a que opera em Portugal. Então aquilo que parecia uma grande vitória, tornou-se (quase) inútil.

Depois, quando as manifestações se tornam violentas são, para além de ineficazes e de afectarem a imagem de todos os profissionais do taxi, ilegais. Porque manifestar o seu descontentamento é perfeitamente legal e compreensível, mas fazê-lo recorrendo à coacção de outrem (os funcionários da Uber e outros tantos que suspeita, serem funcionários daquela empresa mas depois se confirma que não são) ou – pior – à agressão e ao dano em propriedade alheia (os carros), são ilegais.

Será que as pessoas não entendem que, para além de sofrerem as consequências legais (vão ser certamente processados pelas vitimas de tais acções) passam a imagem de que todos os taxistas são assim? O caríssimo leitor confiaria em alguém que, em vez de se manifestar pacificamente e nos limites da Lei, atira pedras aos automóveis que fazem serviços concorrentes e ameaça os seus condutores, para o transportar frequentemente?

Crónica de João Cerveira

Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990