Paguem os subsídios, porra! – Nuno Araújo

Em Portugal, andamos iludidos com a “luta” entre FENPROF e Nuno Crato, ministro da educação, quanto à greve dos professores e à realização dos exames nacionais. Neste mesmo país, também existem mais de 4 milhões de portugueses que já deviam ter recebido os seus subsídios de férias. Sim, porque o Tribunal Constitucional (TC) determinou que os reformados e trabalhadores da administração pública não deveriam ficar sem o subsídio em causa. Logo, o governo tem de se apressar em pagar as verbas em causa. Ou não será assim?

Mais ou menos. O Orçamento rectificativo está a uma semana de ser apresentado e, provavelmente, aprovado na Assembleia da República, e teria de lá contemplar uma norma especial que viabilizasse o pagamento dos subsídios de férias.

A verdade é esta: o governo não quer pagar os subsídios de férias. Porquê? Seja por vingança, ou mesmo por falta de dinheiro em caixa (a decisão do TC “retirou” ao governo 1500 milhões de euros, mas o buraco orçamental atinje já quase o dobro desse valor), Passos Coelho não quer incluir um artigo adicional no orçamento rectificativo que permitiria, o mais tardar, que em Julho os pensionistas e funcionários públicos, no seu todo, recebessem o subsídio a que têm direito.

Mais uma vez, o Presidente da República, Cavaco Silva, deverá consentir essa atitude vergonhosa, mesmo fingindo ter-se “esquecido” de promulgar “aquela lei” que determina que o governo irá pagar “faseadamente” os subsídios, consoante a verba em causa? Ou será que, quando promulgar essa lei, Cavaco Silva demonstrará que, apesar de ter estado em Bruxelas, não se esqueceu de branquear a acção terrorista do governo para com o seu povo, que é tão só a de pôr em prática uma atitude “revanchista”: já que o TC “obriga” o governo a pagar os subsídios, então o governo “revanchista” paga-os o mais tarde possível. Este é um exemplo do quão “rasteirinho” este governo é para com os seus concidadãos.

Uma nota relativa à novidade no teor dos discursos de Cavaco: incentivar os portugueses “a fazer desporto”. Deve ser algo conotado com a necessidade de “correr com o governo dali para fora”.

 

Negociações comerciais EUA-UE

Os EUA e a UE estão em negociações para um acordo bi-lateral que estabeleça liberdade de comércio entre os dois lados do Atlântico. Esse acordo será o “princípio criador” da maior zona de comércio livre no mundo e revela, portanto, um potencial ainda por descobrir.

Esse tratado de comércio poderá vir a ser assinado mas poderá prejudicar a indústria do cinema na Europa, que bem vistas as coisas, tem “roubado” (e de que maneira!) espectadores e consumidores da indústria de Hollywood, na Europa. Em boa verdade, o sector cultural, que abrange o cinema, a música, as artes do espectáculo e demais artes, é visto como “uma excepção”, aos olhos da legislação comunitária, e isso faz com que o sector cultural seja sempre “protegido” de qualquer acordo da UE com outro parceiro mundial, o que faz com que a cultura nunca está ao abrigo de nenhum acordo extra-comunitário.

Porém, este acordo poderá ser danoso para a cultura europeia, sobretudo por este sector vir a ser equiparado a qualquer outro, e isso é prejudicial para a cultura do nosso “velho continente”, em virtude do maior poderio financeiro dos EUA.

 

ELEIÇÕES NOS PELOURINHOS 2013

Esta semana vou falar de sondagens relativas às eleições autárquicas para este ano. Algumas serão competentes, outras medianas, e as restantes muito “pobrezinhas”.

Nota prévia: as eleições autárquicas serão disputadas a 29 de Setembro. Uma prova em como o governo está “aflito” por colocar a data de eleições o mais chegada possível ao período de férias, embora dando uma semana a mais para possíveis erros ou atrasos na entrega das listas.

Em Lisboa, a sondagem do JN afirma que António Costa, actual presidente da Câmara e candidato pelo PS, venceria hoje as eleições com 52% dos votos, contra 30% de Fernando Seara, da coligação PSD-CDS. É natural que isso corresponda à verdade, pois Costa parte em vantagem por ser já Presidente da autarquia, e pelo facto de ter um staff de elevada capacidade. Se se verificassem esses números da sondagem, António Costa venceria as eleições com maioria absoluta. Seria, mais uma vez, a prova provada de que António Costa consegue ganhar e voltar a ganhar eleições, ao contrário de outros…

No Porto, meus amigos, diz o JN que venceria Luís Filipe Menezes, do PSD. Rui Moreira, apoiado pelo CDS, ficaria em segundo lugar, “ex-aequo” com o socialista Manuel Pizarro, cotando-se os dois com 25%, a oito pontos da liderança. Creio que o escrutínio no Porto deverá ter muitos pontos de interesse, sobretudo relacionados com a forma como Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, irá intervir, ou não, na campanha do PSD. Aliás, qual será o candidato que Rui Rio apoiará em Setembro? Outro ponto de interesse tem a ver com a candidatura de Nuno Cardoso…os apoios financeiros cedidos a essa campanha do antigo presidente da edilidade da “cidade invicta” vêm de Gaia, ao que parece…veremos qual a real influência dessa candidatura.

Em Gaia, a sondagem do JN diz que Eduardo Vítor, do PS, venceria as eleições hoje. Porém, só tem mais um ponto percentual que Guilherme Aguiar, candidato “à margem” do seu partido “do coração”, o PSD. Aguiar relega Carlos Abreu Amorim e críticas a Gaspar a oito ponto de distância. No entanto, perfila-se uma grande coligação “de interesses” em Gaia, pois Aguiar e Abreu Amorim teriam, juntos, 54% dos votos, o que deixa antever uma coligação em sede de reuniões de Câmara. Mesmo que o PS ganhe as eleições, o futuro será difícil, sobretudo devido a essa possível configuração da distribuição de vereadores.

Em Braga, a “cidadania em movimento” retira uma possível vitória a Vítor Sousa e ao PS, “oferecendo” dessa forma ao PSD, de Ricardo Rio, uma vitória só possível devido a essa novidade.

Em Viana do Castelo, José Maria Costa, do PS, vencerá com 52%, e conquistará a maioria absoluta.

Em relação ao concelho de Oeiras, o JN não publicou nenhuma sondagem. Assim sendo, as sondagens existentes são dúbias e de pouca competência científica. Aliás, essas sondagens que foram divulgadas na semana passada não figuram na ERC, que valida os estudos de opinião, logo não são passíveis de oferecer uma “leitura” fidedigna das intenções de voto em Oeiras.

O Verão será curto para tanta campanha…mas as campanhas já vão longas quanto à sua duração…e só em Setembro é que as eleições terão lugar!

 

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana