Frente às dificuldades e absurdos do Brasil, escrevi esses poemas que espero que apreciem, amargamente retirados da realidade de um país sofredor.
I
Amarildo nasceu, negro
Sumiu!
II
Como vapor de banho
Suave néctar, amor
Sem segredo e sozinho
Cheira tudo, senador
Corre ao plenário
Inspirado, a milhão
Não és visionário
És um covarde, um cão
Não nos engana “senhor”
Nós ouvimos muito bem
Disse matar, sem pudor
Dignidade, você tem?
Milhões de votos
Pôde contar
Mas morrerá sozinho e esquecido
Ninguém
Ninguém
Ninguém
vai chorar
III
Teve que viver oitenta anos
Para ser penetrado por um cabo de vassoura
“Desculpe Sargento,
Não roubo mais”
IV
Foram à festa
Compraram álcool
Comida
Cigarros
E tocaram fogo no corpo de João Gostoso, desabrigado
V
In Nomine Dei
É acordar pelo anjo e carrasco
E descobrir que são a mesma pessoa
VI
Um menino de dez anos e a dona da creche
Eram vidas, balas perdidas.
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