A literatura pode (e, em alguns contextos deve) ter ressonância intelectual. Existe um tipo de literatura no entanto, que direciona-se especificamente nessa direção, de modo a trazer uma mensagem, um pensamento político, social, histórico, filosófico provocante. A vantagem de escrever uma narrativa assim, é o potencial de envolver o leitor e escapar da possível experiência enfadonha de descobrir a mesma ideia em um texto de não-ficção. Aqui está uma lista dos melhores exemplos desse tipo de literatura que conheço :
Amuleto; Roberto Bolaño
O ambiente prazerosamente caótico de Bolaño, recheado de poetas, filósofos, dramaturgos, tem como centro narrativo a invasão da Faculdade de Filosofia e Letras, promovida pelo Exército, no México, em 1968.
O Ano de 1993; José Saramago
Um livro breve e singular na carreira de Saramago, perturbador e distópico.
Arquipélago; Diogo Mainardi
O estilo caustico e irreverente de Mainardi brilha em uma crítica ao homem frente à política.
A Brincadeira; Milan Kundera
De acordo com Slavoj Zizek, “O melhor livro de Kundera”
Caim; José Saramago
Uma revisão do Antigo Testamento aos olhos de Saramago
Cinzas do Norte; Milton Hatoum
Incrivelmente profundo e surpreendentemente simples, o livro de Hatoum consegue tratar de arte, ditadura, revolução, rebelião, família e tradição.
Clube da Luta; Chuck Palahniuk
Um clássico que é um raro exemplo no qual o filme é melhor que o livro.
Contra o Brasil; Diogo Mainardi
Basicamente uma coleção de citações contra o Brasil, a cultura brasileira, feitas por um personagem divertidíssimo.
Conversa no Catedral; Mario Vagas Llosa
A obra prima do escritor peruano, um livro denso, envolvente, impecável.
Copo de Cólera; Raduan Nassar
O estilo diferenciado de Nassar é usado em uma história simples, mas repleta de reflexões.
Crime e Castigo; Dostoiévski
Tratado por alguns como o melhor livro de todos os tempos, é uma fonte de muita filosofia, facilmente captada.
Diário da Queda; Michel Laub
Intenso e fluido como os outros livros de Laub, esse possui um impacto único, violento e memorável.
O Dia de um Escrutinador; Ítalo Calvino
Lento mas inteligente, a crítica de Calvino fundamenta-se em experiência própria do autor.
Ensaio Sobre A Cegueira; José Saramago
Um dos mais famosos livros de todos os tempos, justamente.
Estorvo; Chico Buarque
Um passeio pela linguagem brilhante do compositor brasileiro.
A Festa do Bode; Mario Vargas Llosa
Visceral, o livro de Llosa adota estilo parecido com Conversa no Catedral para chocar o leitor com seu retrato da brutalidade da ditadura na Republica Dominicana.
A Festa da Insignificância; Milan Kundera
Reflexões sobre o stalinismo e o cotidiano compõe esse que é o mais fraco (mas ainda bom) livro de Kundera.
Gente Pobre; Dostoiévski
Envolvente e melancólico, o livro do mestre russo marca o leitor.
Homem Comum; Philip Roth
Dotado de simplicidade narrativa, usa isso como modo de mostrar a vida de um homem, igual a tantas outras, triste como tantas outras, comum.
Homem Duplicado; José Saramago
Para mim, o melhor livro de Saramago.
O Homem que Amava os Cachorros; Leonardo Padura
Um livro magistral, impressionante, dará ao leitor muito conhecimento.
A Identidade; Milan Kundera
Rico em psicologia e filosofia, conta uma história perturbadora.
O Idiota; Dostoiévski
Uma das maiores obras do russo, O Idiota é uma experiência diferenciada.
A Ignorância; Milan Kundera
Um tema diferente é o foco de Kundera nesse breve livro: o exílio.
A Ilusão da Alma; Eduardo Gianetti
Mais próximo da não-ficção do que da ficção, esse livro traz uma ideia que assombrará o leitor por muito tempo.
A Imortalidade; Milan Kundera
O livro mais denso e longo de Kundera, repleto de narrativas que se entrelaçam, as vezes apenas de modo filosófico.
In Nomine Dei; José Saramago
Uma peça surpreendente de Saramgo, mostra a erudição e a visão do autor sobre religião.
A Insustentável Leveza do Ser; Milan Kundera
A obra prima de Kundera, famosa mundialmente.
Lavoura Arcaica; Raduan Nassar
Um dos maiores livros da história do Brasil
Leite Derramado; Chico Buarque
Coloca o leitor na posição de ouvinte de um homem morrendo. Vencedor do Jabuti em 2010.
Mayombe; Pepetela
Apresenta um dos personagens mais ricos e inesquecíveis que li em muito tempo: O Comandante Sem-Medo
Memórias do Subsolo; Dostoiévski
Puramente filosófico em sua primeira parte, é um livro por vezes frustrante, mas rico ainda assim.
Noturno do Chile; Roberto Bolaño
Belissimamente escrito, um exemplo do que Vladmir Safatle chama de literatura da violência.
O Percevejo; Maiakovski
Uma peça sagaz e inteligentíssima, com pequenas narrativas inseridas no contexto geral dela.
A Resistência; Julian Fuks
Último vencedor do Jabuti, é um livro intenso, retratando família e ditadura (mas principalmente família) com uma sinceridade admirável.
Risíveis Amores; Milan Kundera
Uma coletânea de contos do tcheco.
O Silêncio; Shusaku Endo
Incrível obra, obriga o leitor a questionar-se a respeito de sua fé, independentemente de qual seja essa, e especificamente do cristianismo.
O Tribunal de Quinta-Feira; Michel Laub
Essencial em tempos virtuais como o nosso, Laub coloca um espelho à frente da sociedade, que recua assustada.
Vidas Secas; Graciliano Ramos
Clássico brasileiro, não há o que dizer que já não tenha sido dito.
Você é um Animal, Viskovitz!; Alessandro Boffa
Diversas fábulas engraçadas e inteligentes, compostas com detalhes biológicos que enriquecem a história.
Vozes Anoitecidas; Mia Couto
Poético e encantador, o primeiro livro de contos de Mia Couto mostra um Moçambique mágico.
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