A RTP e os seus conteúdos (como a “Praça da Alegria”)

Eu não tenho muito tempo para ver televisão mas, no pouco tempo dedicado a esse hobby, vejo principalmente a RTP. A RTP1,  RTP2 e  a RTP Informação (via RTP Play) são os meus canais preferidos. E, contrariamente ao que mais procuro (nos últimos tempos) em televisão (informação, séries americanas e talent shows britânicos e australianos, graças à internet), há uma série de ficção portuguesa que, pela qualidade e pela “lufada de ar fresco” que trouxe ao horário nobre, me agarra às noites da RTP1 (quando não consigo ver, aguardo impacientemente que o episódio fique disponível no RTP Play para conseguir ver), chamada “Bem Vindos a Beirais”. O “5 para a meia noite” também é dos meus programas preferidos mas acabo por ver quase sempre no RTP Play, devido ao horário em que vai para o ar.

Dito isto, hoje venho criticar fortemente a gestão de conteúdos da RTP. Não é de agora que as opções da RTP no que toca a conteúdos de entretenimento, normalmente anunciadas – daí presumo que por ele também tomadas – pelo Director Geral de Conteúdos, Luís Marinho, são apelidadas (e, a meu ver, muito bem) de duvidosas.

Então reparem: lembram-se do programa “TOP +”, o programa que mostrava todos os sábados, depois de almoço, o top de vendas das editoras discográficas no nosso país? Era top de audiências no seu horário e o único programa do género na TV do nosso país. A RTP decidiu acabar com o programa.
Mais recentemente, outro programa top de audiências no seu horário, o “Herman 2014”, foi terminado pela RTP. Falou-se que Herman iria para a TVI mas houve uma reviravolta e, segundo a comunicação social, um novo projecto foi apresentado pela televisão estatal ao humorista que decidiu não mudar de estação.

Foi largamente contestada a decisão, há alguns meses, de mudar o programa “Praça da Alegria”, há mais de 15 anos a ser emitido a partir do centro de produção do Porto, para o centro de produção de Lisboa, adivinhando-se não só o fim do programa, como o eventual fim do centro de produção do Porto. A administração da RTP contrariou a segunda hipótese ao tornar o centro de produção do Porto como a “base” da RTP2. Mas a primeira hipótese, sempre negada, vai mesmo acontecer. O programa “Praça da Alegria”, com quase 20 anos de permanência diária no ar, vai mesmo acabar, confirmou a actual apresentadora no mesmo no seu blog pessoal. E o novo projecto que acima referi ter sido anunciado pela comunicação social para Herman José, vai ser um programa diário da tarde. Isto quer dizer que o “Portugal no Coração”, outrora também produzido a partir do Porto, também vai acabar.

Não é qualquer programa que dura mais de uma década no ar. E se está no ar é porque tem audiência e o público gosta. E, na minha opinião, não se acaba com um programa que tem mais de 10 anos no ar com a mesma leveza com que se acaba com um programa que começou há meia dúzia de meses. Mas é isso que a direcção de conteúdos está a fazer. Para quê? Diz a comunicação social que é para experimentar novos formatos. E se não funcionar, tal como não funcionou transferir a “Praça da Alegria” e o “Portugal no Coração” para Lisboa? E o respeito pelo público fiel ao programa? Onde está?

 

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