Sexismo Futebolense – Carla Vieira

Havia (e continua a haver) para aqui no mundo da internet um fenómeno bastante interessante que se dá pelo nome de “Gamer Girls”. Quem tem filhos ou é jovem sabe que para além de ver pornografia, o que os rapazes gostam mais de fazer é jogar jogos. Isto é uma afirmação bastante estereotipada, mas já chego ao ponto que estou a tentar fazer. Porque os rapazes gostam e percebem de jogos (sejam eles de computador ou playstation), tornou-se um nicho próprio do género masculino.

Porque há por aí raparigas desesperadas por atenção, a maneira mais brilhante que estas almas encontraram para se fazerem apelativas aos genitais masculinos foi precisamente começarem a jogar jogos de computador. Quanto mais violentos melhor. Começaram a enfiar-se nas tocas dos Multiplayer Games e levaram por tabela, pois tornou-se bastante comum os homens fazerem piadas de mau gosto e pedidos impróprios às raparigas. Ora nós como somos resilientes, criámos uma carapaça, a de “Gamer Girl”, de seu lema “Sim, eu sou rapariga, sim, eu jogo videojogos, mas não se metam comigo rapazes”.

Sim. Pronto, está bem. Façam-se valer dessa maneira, nada contra. O nicho continua no entanto a ser próprio do género masculino e as piadas nunca irão acabar. Isto é um bocadinho sexista dos dois lados. Primeiro porque as raparigas são tão capazes de apreciarem violência como os rapazes, e segundo porque essas mesmas raparigas se poderiam fazer valer mais se não dessem tanta importância aos cromossomas com que nasceram. A minha opinião, talvez impopular, é que o gosto por videojogos não está relacionado de maneira nenhuma com as partes privadas com que nascemos.

Eu gosto de ver futebol. Chocante, eu sei. Oh céus, sou rapariga logo não posso pura e simplesmente gostar de futebol! Há-de haver aqui um truque qualquer… Já sei, finjo que gosto para ser fixe. Não? E que tal porque quero impressionar um rapaz? Também não? Ah ok já sei. Gosto de futebol, mas não percebo!

Olá sexismo. E foi isso que li há relativamente pouco tempo e me fez partir um fuso: é que as mulheres não percebem de futebol. Esta atitude, senhores, não é nada engraçada. Admito que não tenho interesse nenhum nas políticas de balneários. Eu quero lá saber de onde é este jogador, a altura dele ou quem o comprou… Por favor. Esse tipo de coisas até aborreceria o menino Jesus. Mas daí a admitirem-me que não posso perceber de futebol porque tenho mamas? Sejam gentis e acalmem aí essa vossa teoria de fralda cheia que não tem jeito nenhum.

Recuso-me a dizer “Sim, sou rapariga, sim, vejo jogos de futebol!” porque não é isso que está em causa, mas alminhas masculinas, fica-vos muito mal acharem-se superiores à minha pessoa (e à de muitas outras) só porque têm duas bolas atarraxadas desde nascença. Vamos lá a perder a mania de que as mulheres só querem galar os rabos e as pernas dos jogadores. Só vos fica mal e mostra ciúme.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente