Sobre os profissionais da bola

Declaração de interesses:
1) não sou benfiquista;
2) quando uma equipa portuguesa joga nas competições internacionais, quero sempre que ganhe, seja que clube for.
Dito isto, acho que muita gente se está a deixar levar pelas noticias dos jornais (sensacionalistas) em relação ao Talisca. Não fica bonito usar a comunicação social para “lavar roupa suja” e aí o jogador esteve mal. Mas ele nunca disse que o Benfica lhe devia dinheiro, como alguns jornais disseram. Ele disse: “Não fiquei contente que uma coisa que me fizeram e que foi uma grande falta de respeito para comigo. A minha filha tinha nascido há seis dias e pagaram a toda a gente menos a mim“.

E o Expresso publicou o contrato do empréstimo do homem assinado em 21 de Agosto, que indica que desde 1 de Julho que é o Besiktas que tem de pagar o ordenado. Então, se o contrato é assinado já na segunda metade de Agosto e nele o Besiktas compromete-se a pagar desde 1 de Julho, é fácil de compreender que faz sentido que ele diga que esteve mês e meio sem receber.
E as pessoas têm de perceber que ele é um jogador profissional. E como jogador profissional cabe-lhe defender as cores do Besiktas da melhor forma que sabe e pode. Portanto não há que recriminar alguém por fazer o seu trabalho. Até porque também partiu do Benfica a intenção de o emprestar.
Mas recordo outros profissionais. Adrien Silva é um bom exemplo. Emprestado pelo Sporting à Académica, ajudou a minha Briosa a ganhar a Taça de Portugal contra o clube de Alvalade, treinado na altura por Sá Pinto. Foi até eleito, se a memória não me falha, o melhor em campo. Só fez o que lhe competia.

Crónica de João Cerveira
Este autor escreve em português, logo não adoptou o novo (des)acordo ortográfico de 1990