Sua realeza manda cá em casa – Teresa Isabel Silva

Vamos lá falar a sério! Que inventou a expressão pejorativa “vida de cão” não devia de conhecer, caninos como o meu.

Obviamente que o meu cão é o ultimo cão do mundo a poder dizer que vida de cão é má. Claramente que por estas bandas, e entre estas paredes, ele é o rei e soberano, e nós, os fiéis humanóides, apenas vivemos para o servir.

Quer dizer, eu sou a primeira a mimar o cão, mas acreditem que ele tem uma vida, muito melhor que a minha. Recentemente, ele apoderou-se de um sofá, e se dantes aquele era o meu posto de leitura, agora tem uma mantinha só para ele, e aí de mim que arraste o meu rabo até lá. Assim que ele ouve o meu traseiro estacionar no sofá que só a ele pertence, eis que ele surge vindo do nada, reivindicar o seu trono.

Depois de eu desistir desta luta desigual lá lhe dou o meu lugar e me sento no chão. Não resisto ao olhar meigo e pedincha que ele faz e acabo por ser eu a ficar no chão para que o cão esteja no sofá.

Além do sofá, até nos horários das refeições andamos pelos gostos do senhor canino. Acreditem ou não, é impossível, alguém se esquecer da hora do almoço ou jantar cá em casa. Chegando a hora da cozinha voltar a funcionar, eis que o cão começa a ladrar e a dar “focinhadas” para chamar a nossa atenção.

Claro que depois das refeições o senhor canino tem os seus desejos de ir lá fora. Toca logo a um dos humanóides cá de casa, lhe ir abrir a porta, para que ele se dirija muito calma e elegantemente para o pátio. Assim que decide que já fez tudo o que tinha a fazer e que já está cheio do ar livre, eis que a sua realeza, ladra, para que nós, os fiéis vassalos de sua realeza, abramos a porta para ele entrar.

AH! Ainda nem vos contei, mas nesta casa, também ninguém dorme sem que a sua alteza real, coma o seu biscoito. Se nenhum dos humanóides lhe levar o biscoito aos aposentos dele (entenda-se que estou a falar do dito sofá), ele levanta-se, muito ensonado, e vai acordar o humanóide mais perto para que este o sirva com todo o amor e dedicação.
Depois disto, lá vai o cão dormir, para acordar no dia seguinte a tempo do pequeno-almoço com o primeiro humanóide que acordar.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas