Temer Temer: um pseudo Presidente

A suspensão de Dilma Rousseff do cargo de Presidente do Brasil deu-se, com efeito, embora já fosse esperado desde há meses. A vergonha cumpriu-se, e agora Michel Temer é o novo Presidente (interino) do Brasil, pelo menos durante os próximos seis meses, prazo em que Dilma estará suspensa de funções.

O Brasil passará por tempos muito difíceis, no que diz respeito às liberdades e garantias. Acerca dos direitos das minorias, serão tempos tenebrosos, como já o escreveu Daniel Cardinali, na brasileira Revista Forum, (http://www.revistaforum.com.br/osentendidos/2016/05/12/ha-muito-temer-o-novo-governo-e-os-direitos-lgbt/), num brilhante artigo que aconselho quem puder a lê-lo. Michel Temer é conservador, membro do PMDB, anterior aliado do PT de Dilma e Lula, e até ao momento fora vice-presidente do Brasil. Assume funções enquanto Presidente por força da suspensão de Dilma, que não está sequer indiciada por qualquer crime, aliás suspensão essa que é como que a antecâmara da destituição definitiva da mulher que foi vítima de tortura da ditadura militar.

O governo formado por Temer é de temer, obviamente, pois TODOS OS MINISTROS SÃO HOMENS E BRANCOS. Acabou a ilusão de igualdade entre homens e mulheres na política brasileira. As mulheres, como Temer na presidência, terão o seu lugar na cozinha e nas demais tarefas domésticas, pois serão os homens a liderar as questões da gestão do país. Desde o fim da ditadura militar as mulheres sempre marcaram lugar em governos federais brasileiros. E é desta forma que se suspende a democracia no Brasil, pelo menos no que toca à forma como sempre conhecemos a democracia, aliado ao facto de que a discriminação racial está mais do que patente na ausência de multiculturalidade no governo de Temer.

Uma das primeiras reuniões que Temer teve foi com defensores de “curas” para doenças “gay”. Só isso revela o quão retrógrada poderá vir a ser o tipo de mentalidade associada às políticas que serão implementadas por Temer.

Que mais esperar deste Sr. Temer? Enquanto se percebe se Temer tem os seus dias contados enquanto Presidente interino do Brasil, há que esperar sempre muito pior do que aquilo que já se conhece. Mais do que isto é possível. A economia estará prestes a ver invertido o seu posicionamento estratégico, que será virado de costas para os mais pobres e muito mais favorável aos grandes grupos económicos. O outrora Brasil democrático terá mesmo que esperar pelo menos seis meses para perceber se Dilma é destituída do cargo, de forma definitiva, e se Temer fica na presidência até novas eleições…num Brasil a braços com um golpe palaciano em curso.