Um Porto renovado, um Sporting esperançado e um Benfica desolado

O tempo urge. A três semanas do inicio do campeonato os clubes ultimam as suas contratações, acertam as renovações e experimentam diversos esquemas e estilos de jogo. A missão que aí vem não se avizinha fácil, na próxima época, a de 2014-2015, a Liga Portuguesa – exactamente assim chamada por falta de patrocínios, ou como quem diz, falta de dinheiro e um presidente bacoco – contará com 18 equipas o que significa que o desgaste físico será maior, bem como o esforço monetário que, aliado a uma moribunda Taça da Liga, a uma mítica Taça de Portugal e, para alguns, às competições europeias, poderá ser fatalmente doloroso para diversos dos clubes presentes. Com o mês fulcral do defeso a chegar, veremos como se estão a reforçar os grandes.

É verdade que há épocas de sonho, é também verdade que repetir as mesmas é quase sempre uma missão hercúlea e à parte disso é igualmente verdade que os adeptos vão ficando mais exigentes e difíceis de agradar. Que o diga o Benfica. Os encarnados depois de uma época fantástica em que só falharam a conquista da Liga Europa, vêem agora os seus melhores jogadores a “dar o salto”, quer seja para o m€lhor campeonato ou para uma m€lhor equipa, o certo é que estão a provocar uma debanda geral na Luz. Com apenas 5 titulares da época passada, o Benfica contratou inúmeros jogadores de qualidade mais do que duvidosa que não parecem, nem de perto nem de longe, ser capazes de suprir os que foram. Isso é grave. Com a contratação mais “sonante” do Benfica a ser o internacional sub-21, Bebé, muito se diz do que têm sido as movimentações dos encarnados. A aliar a tudo isso existem ainda aqueles negócios que ninguém sabe explicar e que chocam toda e qualquer pessoal, falo pois claro de Garay e os “fantásticos” 2.4 milhões recebidos pela equipa da Luz. O caso está mal parado, a pré-época tem sido um exemplo bem ilustrativo disso mesmo com as várias derrotas sofridas pelos campeões nacionais e com Jesus a ter de por as mãos à cabeça cada vez que olha para o campo e vê que lá estão Luis Felipe, ou Candeias, por exemplo. Ou Vieira consegue “sacar um coelho da cartola” ou não parece possível que o Benfica repita o que fez no passado. Enquanto isso, os  seus adeptos vão desesperando ao verem este desolado Sport Lisboa e Benfica.

Se já na época transacta os leões haviam mostrado melhorias, o certo é que esta pré-época e a troca de treinador têm evidenciado isso, sempre com tendência a crescer e nunca a voltar aos negros tempos recentes. Marco Silva assumiu o comando do Sporting após Leonardo Jardim ter ido para o Mónaco e viu-se em mãos com uma equipa jovem, com qualidade e, sobretudo, com ambição. Continuando a senda de perspectivar uma equipa para o futuro e de, em breve, atacar o campeonato, os leões reforçaram-se com jovens de qualidade, tanto portugueses como estrangeiros que parecem poder vir a ser mais valias numa questão de tempo. Depois temos mais um caso de Marketing desportivo que, se resultar, pode também vir a ter vantagens desportivas, como é o caso de Tanaka que se tem destacado nos últimos jogos. Se William Carvalho ficar, podem assumir-se, já este ano, como candidatos declarados ao título. A pré-época tem sido óptima e a indicação que quer os novos, quer os mais antigos vão dando é bastante positiva. Com a conquista da Taça de Honra, com a melhoria exibicional com a permanência de William Carvalho e com a nova vida de André Martins, parece que teremos um Sporting tão ou mais forte que o ano passado, agora sob o comando de um homem com talento e que sabe o que faz, de seu nome, Marco Silva. No entanto nem tudo são rosas, no que a uma participação europeia diz respeito o plantel parece curto, não parece suficiente para ambicionar muito mais do que tentar não sair vergado. A ver vamos.

É certo e sabido que para os lados da invicta e sob o leme de Jorge Nuno Pinto da Costa, só se perdoa uma vez. Como tal, o Porto resolveu apostar forte neste defeso. Com a contratação de Lopetegui para assumir o controlo da equipa e para voltar a ser campeão nacional, o clube reforçou-se como nomes tão sonantes como caros e que, quer se queira quer não, dão outro tipo de responsabilidade à equipa, aquela que sempre teve, à qual se acrescenta a obrigação de não poder voltar a falhar. Apesar das saídas de Fernando e Mangala, bem como a iminente saída de Jackson, o F.C.Porto soube colmatar essas saídas, ao contrário do seu rival, Benfica. Apesar de alguns dos negócios feitos serem de contornos duvidosos, o certo é que os jogadores estão cá e a sua qualidade também. Adrián Lopez, Tello, Casemiro, Bruno Martins Indi e Brahimi são tudo nomes sonantes e jogadores de créditos firmados que vêm para Portugal com o objectivo de ser titulares e devolver a chama ao dragão. Porém há sempre riscos e no Dragão não é diferente. Os reforços – que terão de provar se o são – terão de mostrar que valem o que se pagou por eles, não será fácil. Outro aspecto que Lopetegui terá de em conta é a gestão de egos, é que, com tantos bons jogadores e activos tão valiosos, vai ser necessário saber gerir os seus egos, é que ser suplente nunca é fácil para ninguém e muito menos para jogadores como Quaresma que tem um ego do tamanho dos seus brincos, ou seja, enorme. A uma primeira vista, parece bom, a uma segunda vista parece difícil de gerir, em conclusão, teremos um Porto forte e mais ambicioso que nunca que, ao mínimo deslize, será crucificado.

Assim vai o futebol português, com os clubes a ultimarem as últimas contratações, a darem os retoques finais e a impingirem esperanças aos seus adeptos. Veremos se as previsões dos jornais desportivos, os bate-boca dos programas de domingo à noite e as conversas dos treinadores de bancada terão a sua ponta de verdade. Os três da vida airada mudaram em relação à época passada, uns subiram, outros desceram, mas, sejamos sinceros, a pré-época pouco ou nada diz, ou pelo menos não é uma verdade universal e indiscutível do que será a temporada. A verdade é que o campeonato português fica a perder com as saídas de Garay, Markovic, Oblak, Fernando e Mangala, porém ganha sangue novo e jogadores que poderão, quiçá, fazer a diferença.