Vacinação nas crianças – sim ou não?

Nós, portugueses, temos duas características que são predominantes e altamente irritantes: fazemos dramas desnecessariamente e, criticamos sem muitas vezes sabermos o que estamos a dizer.

Ano corrente 2017, um surto de sarampo em 14 países europeus, que teve inicio na Roménia em 2016 ( onde já existem 4000 doentes ) e que, rapidamente se proliferou, Portugal tem, neste momento, 23 casos confirmados, cuja origem de contagio terá sido, alegadamente, através de um cidadão português que esteve na Venezuela. A morte de uma jovem de 17 anos, ontem, vitima das complicações decorrentes do sarampo, é o mote para a histeria.

Sou a Sandra e tenho dois filhos, um com dez anos e outro com seis. Eu nasci em 1985, fui vacinada, nunca foi colocada a hipótese de não ser, nesse tempo os pais estavam mais preocupados em colocar comida na mesa do que propriamente contrariar o plano de vacinação e as ordens de um medico. Os meus filhos também foram vacinados, além de cumprirem rigorosamente o plano nacional de vacinação, ainda tomaram as vacinas que não constam no plano nacional de vacinação mas que, foram aconselhadas pela pediatra na altura. Nunca coloquei em questão se estava a fazer bem ou mal aos meus filhos, assim como todas as medidas que tomo diariamente relativamente à educação, à alimentação, ao desenvolvimento escolar, social e pessoal, há escolhas que correm muitíssimo bem, há escolhas menos felizes. Como pais, devemos ter sempre em conta o seguinte: nós educamos os filhos para o mundo, não os educamos para viver numa redoma, portanto, qualquer acção que tenhamos não vai prejudicar somente os nossos filhos, vai prejudicar também as outras crianças, os filhos das outras pessoas e essas pessoas.

O plano nacional de vacinação não é apenas um conjunto de vacinas que protegem os nossos filhos de varias doenças, é sobretudo um plano de vacinas que defendem a saúde da população, portanto, se eu escolho não vacinar a minha criança, eu não estou a colocar a saúde dela em risco, estou a colocar a saúde dela, a minha, e a dos outros cidadãos, sobretudo as pessoas que se encontram doentes, com o sistema imunitário debilitado, cujo sarampo é com certeza fatal.

Não devemos todavia, entrar em modo de histeria, criticar tudo e todos, sem nos informarmos devidamente. Primeiro, não devemos culpar os pais pela morte da jovem, a causa da morte foi uma complicação derivada do sarampo, mas, é importante dizer que, esta jovem já estava internada no hospital com problemas de saúde, portanto com o sistema imunitário fragilizado, não foi o facto de não ser vacinada contra o sarampo a causa directa da morte. Segundo, os títulos jornalísticos sensacionalistas, coloca-se a questão da pouca credibilidade da vacina, uma vez que, algumas pessoas que contraíram a doença foram vacinadas, sim, mas isso é um factor natural, as vacinas não são um impeditivo da doença, mas sim um aliado do sistema imunitário para o combate destas doenças. Terceiro, confio plenamente no plano nacional de vacinação, não vamos querer retroceder na civilização e voltar aos tempos em que, não havia saneamento e então obrava-se nas ruas e aí sim, as doenças como o sarampo eram uma das principais causas de morte, achar que a vacina é um veneno que colocamos nas crianças e que pode provocar doenças como o autismo e doenças do foro neurológico, é um absurdo, é informação sem fundamento nenhum. Por ultimo, eu acho maravilhoso que os pais de hoje, da minha geração e da geração seguinte optem por um estilo de vida o mais naturalista possível, sem carne, sem peixe, sem leite de vaca, só alimentos naturais e biológicos, sem antibióticos, sem vacinas, que confiam no poder do nosso corpo e mente, que confiam nas terapias naturais, tudo bem, ok, façam como acharem melhor, concordo. Vivemos num país livre e democrático, os pais que decidem não vacinar os filhos querem que essa opção seja respeitada, agora eu pergunto: e a opção que eu tomei, em vacinar os meus filhos, está a ser respeitada?