Vitória suada evita caso Sérvio no apuramento

Alívio. Foi este o sentimento de todos os  58.430 adeptos presentes no Estádio da Luz. Aliás, de quase todos. Os 30 sérvios que se marcaram a sua presença não devem ter ficado muito contentes, mas isso são outros 500. Portugal recebeu e venceu a Sérvia por 2-1, num jogo que fica marcado pela inércia sentida durante os 90 minutos. No entanto, com este resultado positivo, Portugal passa a depender apenas de si para se apurar para o Euro 2016, o que não quer dizer nada, mas, pelo menos, não será necessário andar a gastar as pilhas a todas as calculadoras lá de casa.

O jogo até começou de feição para a equipa das quinas. Um inicio acutilante, assertivo e prometedor fazia antever o que se verificou aos 10 minutos: o golo. Na sequência de um canto curto, Fábio Coentrão cruzou, para que, Ricardo Carvalho, completamente sozinho e livre de marcação, atirasse de cabeça para o fundo das redes. Estava feito o 1-0 e os da casa respiravam de forma mais calma. Dois minutos depois, o autor do golo saía lesionado dando lugar a José Fonte no eixo da defesa. Apesar do golo, a restante primeira parte foi jogada a um ritmo mais do que lento, tendo nos passes de Moutinho e nas arrancadas de Ronaldo o melhor do jogo até então. No entanto, não se pode exigir mais a uma equipa que se apresenta num 4-4-2 clássico com jogadores como Eliseu à esquerda, Danny a falso 9 e Nani completamente alheado do jogo. Foi assim que chegou o intervalo. Um jogo amorfo, com uma falta de criatividade e intensidade gritante que só a hola das bancadas fazia esquecer o pobre espetáculo em campo. O 1-0 sabia melhor do que nunca.

A segunda parte começa com uma toada mais ofensiva por parte da Sérvia, algo que, até então, era completamente novo e desconhecido por parte dos visitados. À passagem do minuto 60, na sequência de um pontapé de canto e de um erro clamoroso de Eliseu, que deixa Mátic completamente em jogo, o médio do Chelsea e ex-jogador do Benfica, num remate acrobático fantástico, iguala o marcador. Os portugueses começavam a ver a sua vida a andar para trás e a história de sempre a repetir-se. Contudo, volvidos apenas 2 minutos, aos 62 minutos, o mago João Moutinho, tira um coelho da sua enorme cartola e, com um passe teleguiado, adoça o pão que Fábio Coentrão come. Ou neste caso, faz meio golo e o defesa-esquerdo do Real Madrid só teve de encostar. Estava feito o 2-1, que viria a ser o resultado final do jogo de apuramento. Até ao fim do jogo houve tempo para… Mais do mesmo. Balizas seguras e sem sinais de perigo, criatividade a roçar o 0, intensidade de um jogo entre solteiros e casados e jogadores sem grandes rasgos de génio. Os espectadores mereciam mais, aliás, ninguém merecia ver um espetáculo tão pobre. De uma equipa que se diz das melhores do mundo, tem de se exigir mais. Não pode haver desculpas. Valeu o resultado.

O selecionador português vem desiludindo mais de dia para dia. Para quem estava – e bem! – farto do marasmo apresentado por Paulo Bento, não se pode dizer que esteja muito radiante com o futebol apresentado pelo novo selecionador. Fernando Santos tem falhado nas suas promessas, sobretudo a de que Portugal ia jogar um futebol mais atractivo e a de que apenas os jogadores com minutos iam ser convocados. Onde já se viu convocar Eliseu, Cédric, Hugo Almeida, Éder e Pepe – sabendo que não estava em condições – ? Onde? Somos um país pequeno, todavia, a qualidade abunda. Já não abunda tanto como em épocas transactas, mas ainda há qualidade de sobra para não se convocarem sempre os mesmos só porque jogam nos 3 grandes ou porque já têm nome na seleção. Com as últimas convocatórias feitas, os resultados têm sido bons, agora as exibições? Bem, é melhor nem falar. A renovação prometida vai falhando e falhando, talvez por isso mesmo o jogador mais jovem dos nossos centrais tenha… 32 anos. Talvez por isso a média de idades da nossa seleção seja 30 anos. São problemas alarmantes que dão que pensar.

Assim vai Portugal, uma seleção cada vez mais pragmática e resultadista que vê a sua geração a não ser renovada e a esperança de erguer um troféu a ser cada vez menor. As falsas promessas contribuíram para isso mesmo e os erros do passado estão a voltar a ser cometidos. Mas ganhámos! Siga a marinha e lancem os foguetes porque é disto que o povo gosta. De ser enganado pelos resultados. O que conta é que esta vitória pela margem mínima nos levou a não passar por mais um caso sérvio de apuramento. Veremos o futuro.