Voar é que é.

E o amor pelas coisas, onde encaixa?

O amor pelo cheiro dos assentos de um avião, ainda que pequeno, ainda que cheio, ainda que foleiro e barato.

E o amor pela altura, pela chegada, pelo querer ver o que ainda não conheces e ainda não cheiraste …as cores e os céus que parecem diferentes do teu lugar. Poderia dizer viajar, mas viajar é pouco. Eu anseio conhecer. Ainda que já lá tenha ido e voltado, ainda que se repita, ainda que seja perto, ainda que não consiga. Quero muito.

Dizem que a vida é real e que não há dinheiro que pague tantas ânsias, que temos de ter cuidado e ser cautelosos, “não o gastes, guarda todo para a dor de barriga mais próxima”.

E quem nos diz como viver e o que sentir? Quem nos pode dizer o que fazer com o pouco que temos e o tanto que queremos, quando os nossos fígados gritam livremente por escolhas soltas e desprendidas de preconceitos?

Dinheiro debaixo do colchão? Para quê? Amanhã morro e ele lá ficou… há quem defenda uma forte ponderação na tomada de decisões; eu cá, serei sempre pobre, mas feliz. Não preciso de dinheiro, preciso do suficiente para ir e voltar, para procurar caminhos e torna-los meus, para viver livremente, pelos meus pés e pelos meus bolsos.

Quem espera mais de mim, sairá com toda a certeza enganado. Como me disse uma vez a minha Mãe…” Catarina, enquanto pagares as tuas contas todas e deres aos outros tudo o que tens, serás sempre pobre”. Eu sei disso Mãe, mas depois das contas pagas, é a minha vez de receber.

Preciso de pouco, preciso é do certo.