31 – Velha e Louca

Velha e louca é  título de uma canção de Mallu Magalhães. Mas não é isso que me traz aqui excepcionalmente hoje. O que me traz aqui a escrever-vos foi o mesmo motivo que me levou a escrever pela primeira vez para o Mais Opinião, crónica que se intitulava “Socorro estou à beira dos 30”. Agora já eram os 30 e vêm os 31.

Não sinto que tenha feito muita coisa de especial este ano que passou, sinto apenas que sou muito mais mulher. Muito mais confiante. Muito mais bonita. Muito mais feminina. Muito mais mãe. Muito mais esposa. Sinto-me muito mais… Não me sinto muito mais especial que ninguém, mas sinto-me muito mais diferente. Aconteceram e continuam a acontecer algumas coisas em mim que me fazem pensar assim, talvez para o ano já vos possa abrir este episódio da minha vida mas por agora vou mantê-lo fechado. Posso-vos dizer que jamais pensaria dizer, fazer ou concretizar algumas coisas mas a vida e a idade talvez nos traga tudo aquilo que nunca imaginamos ser. Eu digo mais, talvez a idade nos apure para determinadas circunstâncias. Estou a correr a barra cronológica dos 30 e acredito que quando ela se aproximar mais dos 40, veja tudo isto de uma outra forma e de uma maneira mais apurada.

Segundo as estatísticas estou a atingir o auge da beleza e por isso tenho de aproveitar bem estes últimos tempos, mas se querem saber isso pouco me importa. Agora estou assim, podem falar e dizer o que quiserem de mim, da minha pessoa e da minha personalidade que eu estou nem aí. Como diz a letra da musica, “Eu tô ficando velha, Eu tô ficando louca” e é assim mesmo saudavelmente louca.

Só quero viver, só quero ser feliz, não quero saber do que falam, não quero saber de nada. Quero colocar um batom vermelho, um salto alto, olhar ao espelho e gostar do que vejo. Quero escrever do que me apetecer. Quero dançar quando me apetecer. Quero sair, quero ficar, quero amar. Quero fazer tudo aquilo quando e como me apetecer. E nada, nem ninguém se poderá opor e tirar-me um sorriso do rosto.

Há um ano atrás agradeci a Deus a história que temos feito e hoje também quero apenas agradecer-lhe.

Aos 31 farei a promessa de que apenas vou ver o lado bom de tudo e entregar o menos bom ao passado. A vida por aqui é uma breve passagem, por isso não perderei mais tempo com questões que não me levam à felicidade, não perderei mais tempo da minha vida. Peço a destreza para saber alcançar o caminho, que pode ser o mais longo, o mais difícil mas que pelo menos saiba ver que não estou a perder tempo. Já não perderei mais tempo com questões feministas, muito menos o perderei a discuti-las, tenho a minha opinião e também vos digo que há coisas que ficam muito mais bem feitas pelas mulheres do que pelos homens e vice-versa. É por isso que existem dois sexos, dois tipos de destreza, dois tipos de personalidade e provavelmente também é por isso que é a mulher que gera filhos e não o homem. Eu acredito que se fosse para sermos todos iguais era tudo uma massa homogénea sem piada nenhuma… Se somos mulheres então que o saibamos ser, porque os homens gostam de feminilidade. E feminilidade não passa por discutir se devíamos fazer esta ou aquela tarefa, passa por nos sabermos vestir, por sabermos estar, por sabermos falar e por delinearmos até onde podem ou não ir. Não se tornem fúteis a discutir futilidades e também não se tornem fúteis ao serem fáceis nesta sociedade de facilitismos.

Aos 31 quero aproveitar cada segundo de mim e da minha vida, com a disponibilidade para aceitar, confiar, entregar e sorrir cada vez mais.

Sejam felizes que eu também vou ali ser feliz e volto para a semana emanando felicidade, porque a vida se não fosse um 31 não era vida para ser vivida.