5 Pérolas (raras) da televisão Portuguesa

Feliz ou infelizmente não somos um país com grande qualidade na produção de conteúdos televisivos. Salvo raras e honrosas exceções, que nesta edição vamos homenagear, muito lixo televisivo circula nas antenas dos principais canais portugueses.

No sentido de provar que ainda há quem queira fazer, e quem efetivamente faça, boa televisão em português de Portugal, analiso neste número do Magazine Mais Opinião, os cinco programas de televisão – recentes – (das mais variadas áreas) que remam contra a maré corriqueira em que as estações se embrenharam nos últimos anos.

1-      Alta Definição (SIC)

altadefO formato conduzido por Daniel Oliveira, experiente em programas de caráter social (lembremo-nos do Só Visto!) é líder no seu horário e consistente na sua intenção.

A condução da entrevista é feita com um profissionalismo irrepreensível e, sejamos honestos, é impressionante a naturalidade com que o apresentador da estação de Carnaxide põe os convidados a falar dos mais íntimos pormenores das suas vidas.

Por outro lado, Daniel Oliveira exagera, por vezes, na insensibilidade/imparcialidade, característica essencial a formatos mais informativos. Em minha opinião, o conceito do programa, informal e descomprometido exige, por vezes, outro semblante por parte do comunicador.

2-      O Eixo do Mal (SIC Notícias)

eixo

O debate semanal moderado (e bem) por Nuno Artur Silva e com lugar cativo de Daniel Oliveira, Clara Ferreira Alves, Pedro Marques e Luís Pedro Nunes, assume-se, na minha ótica, o melhor formato do género.

Assumidamente partidários, têm os oradores capacidade de se despojarem das suas convicções (tem dias!) e de, num estilo informal e quase conversado, opinar sobre a atualidade política e socioeconómica do nosso país.

Ainda nesta lógica, destaco a participação de Clara Ferreira Alves. No entanto, todos têm o seu papel. Daniel Oliveira pauta sempre as posições mais radicais, enquanto Luís Pedro Nunes procura imprimir ao debate um toque de humor, o que por vezes, assinalando um ponto negativo, não resulta como esperado.

3-      A Tua Cara Não Me É Estranha

Adaptado do internacional ‘’Your Face Sounds Familiar’’, o formato de entretenimento conduzido por Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira foi campeão audiométrico em todas as edições.

atuacaranc3a3omec3a9estranha2_logoO leque de convidados, que pecou muitas vezes por parecer o Centro de Emprego das artes performativas, correspondeu às expetativas do público e do formato. Grandes interpretações e imitações foram feitas neste programa familiar, leve e fresco de Domingo à Noite.

Destaque para o regresso de António Sala à antena televisiva, a magistral condução da dupla de ‘’Você na TV!’’ e as atuações memoráveis de, por exemplo, João Paulo Rodrigues, FF ou Luciana Abreu.

4 – Bairro Alto (RTP 2)

bairroNem sei por onde começar. O espaço de entrevista conduzido por José Fialho Gouveia na segunda posição da grelha nacional é um daqueles programas que são precisos numa televisão pública. Filho de um histórico dos ecrãs portugueses, conduz cada uma das entrevistas que faz a gentes do espetáculo, do pensamento, das artes plásticas, figuras nacionais e não só, com uma competência digna de ser premiada.

Da preparação e investigação muito cuidadas ao ambiente intimista proporcionado pelo estúdio – sem esquecer o sofá vanguardista – cada edição é uma surpresa.

Para rematar, José Fialho Gouveia é como que um cupido que, no espaço de sensivelmente cinquenta minutos faz com que o espetador se apaixone por cada convidado, tal como o próprio se apaixona.

5 – 5 Para a Meia-Noite (RTP 2 e RTP 1)

O cinco, como é habitualmente conhecido, é um late-show à medida do orçamento que tem. Com condução rotativa e substituições várias no painel de apresentadores, o trabalho é bem feito.

5-Para-a-Meia-Noite-novo

Neste programa há espaço para humor, entrevistas a figuras notáveis (nacionais e internacionais) das mais variadas áreas e também divulgação de novos artistas de todas as áreas, da literatura à fotografia e de jovens empresários.

A maior vantagem deste formato é mesmo a pluralidade na condução. O espetador nunca se cansa, pois cada um dos humoristas que o apresenta tem um estilo diferente e indistinguível.

Por fim, há apenas a lamentar o facto do talk-show de final de noite ver os horários de emissão constantemente trocados. Fica a nota à direção de programas.

Analisados os que, em minha opinião, se assumem os cinco melhores programas da grelha nacional de televisão em Portugal, resta convidar todos os leitores a ler, no próximo mês, a lista dos cinco piores formatos da TV portuguesa.

Até lá, bons programas!

Artigo de João Morais do Carmo