A curiosidade matou o gato!

Olá, queridos, fantásticos e adorados leitores… Ena, pá! Como vocês estão! Olhem bem para vocês: parecem umas lagostas que foram engravidadas por um tubarão. Olhem para essas barrigas… Ainda agora estamos em Julho, e vocês já apanharam mais escaldões e comeram mais bolas de Berlim do que um turista inglês de férias em Portugal, durante todos os meses de Verão. Não tenham cuidado com isso não, que, com uma pança dessas, qualquer dia ainda são convidados para substituir o Fernando Mendes no “Preço Certo”, ou o José Carlos Malato no “Quem Quer Ser Milionário”. E depois aí é que eu quero ver como é que se safam dessa.

Bom, agora que já extrapolei toda uma absurda dose de parvoíce mental, vamos lá a coisas sérias que a vida é curta de mais para se perder tempo com parvoíces básicas, quando temos tanta estupidez para partilhar. Então, hoje, decidi partilhar com vocês, estimadas lagostas balofas que parecem ter engolindo um crocodilo inteiro sem sequer pestanejar, um pouco sobre o que tem sido a minha mais recente aventura laboral.

“Irra! Então mas esta besta vai falar de trabalho, numa altura destas? Estamos em Julho, pá! A malta agora só quer é saber de férias de Verão, e não de trabalho!, pensam vocês, não é suas lagostas? Mas tenham calma, que eu sou vosso amigo e não vou falar de trabalho. Vou antes falar sobre o comportamento absurdo que alguns colegas de trabalho têm assim que alguém novo entra para a empresa e passa a ser seu colega de trabalho. E esse comportamento é, normalmente, alimentado por uma elevada dose de curiosidade mórbida. Como se, subitamente, aquele novo colega deixasse de ser mais um mero trabalhador e colega de profissão, e passasse a ser uma espécie de presa e eles um grupo de hienas famintas por informação. E isso, normalmente, origina a que perguntas estúpidas e absurdas sejam colocadas ao novo colega, levando a que o mesmo se sinta na obrigação de responder o mais rapidamente possível, para que aquela espécie de interrogatório policial seja breve e acabe o mais rápido possível. Ou, então, para que uma besta arrogante e sarcástica como eu, aproveite para disparar uma série de respostas absurdas e sem nexo, só para ver a reacção daquelas hienas alimentadas pela curiosidade.

Como prova do que estou a falar, vou partilhar com vocês algumas das perguntas mais parvas que me fizeram assim que iniciei a minha mais recente aventura laboral, assim como as respostas mais estúpidas que dei a cada uma delas. Vá, eu sei que é sempre chato e enfadonho ler as minhas crónicas, mas eu prometo que é só mais um bocadinho, e depois podem voltar para a praia e empanturrarem-se em bolas de Berlim, assim como apanharem valentes doenças de pele, seus veraneantes malditos. (Perdoem-me a agressividade, mas por certo que já se aperceberam que, este ano, este vosso amigo do coração não irá ter direito a férias de Verão… O que, pronto, a meu ver serve como desculpa para vos insultar, e vocês, em vez de ripostarem com insultos, se mostrem antes condescendentes com a minha dor…)

Umas das primeiras perguntas que me fizeram, assim que comecei a laborar, foi “como te chamas?”. O que, claro, originou o seguinte diálogo absurdo:

— Olá! Então, como é que chamas mesmo?

— Eu? Chamo-me Ricardo.

— Ah, o meu filho também se chama Ricardo.

— Ah…

— Então, e é só Ricardo?

— Não.

— Então…?

— O quê?

— Então como te chamas?

— Chamo-me Ricardo…

— Sim, essa parte já registei. Mas és Ricardo quê?

— Ricardo Jorge…

— Não, o último nome…

— Ah… Então… é Picante-é-bom-e-eu-gosto…

— Hã? Isso é o teu nome?

— Yep. Chamo-me Ricardo Jorge Estilípedes de Almeida Correctorio Picante-é-bom-e-eu-gosto.

— Ah, ok… Chamas-te Ricardo, então?

— Isso.

Outras das perguntas que a minha aborrecida pessoa aproveitou para incitar a que um novo diálogo aborrecido acontecesse, foi: “então como vieste cá parar?”

— Então, e conta lá… como é que vieste cá parar?

— Quando?

— Quando o quê?

— Quando é que te calas! Ah, ah! Estou a brincar… Só para aligeirar um pouco o ambiente e tal… Eh, eh…

— Ah. Boa, boa… Então, mas como é que viste cá parar?

— Quando?

— Eh pá, já não vou voltar a cair nessa!

— Não. Estava a perguntar se era a hoje que te estavas a referir. Como é que vim para cá hoje? É isso?

— Hum… Bom, não é bem isso que… Mas, sim, se hoje é o teu primeiro dia, então sim: como é que vieste cá parar?

— Bom, muito sinceramente, acordei hoje com uma grande indecisão sobre qual seria o melhor meio de transporte para o meu primeiro dia de trabalho. Então, primeiro pensei em trazer o carro, mas como preciso de fazer um pouco de exercício físico, achei que o melhor era vir de bicicleta. Mas lembrei-me logo a seguir que a bicicleta tem um pneu furado, então só me restavam duas opções; optar pelo skate, ou então pelo carro. Como ainda são vinte quilómetros da minha casa até aqui, rapidamente cheguei à conclusão que o skate era, afinal, uma má ideia. Então vim de carro.

— Ah… Ok.

E para finalizar — porque estou a ver pelas vossas caras que estão mortinhos para largar esta crónica e irem a correr para a praia — deixo-vos com um diálogo entre mim e o meu novo chefe, logo no primeiro dia de trabalho, depois de ele colocar-me uma pergunta que, a meu entender, é sempre escusada logo no primeiro dia de trabalho. A pergunta “então, estás a gostar disto?”, originou o seguinte diálogo:

— Olá Ricardo. Então está tudo a correr bem nestas primeiras horas? Conta lá: estás a gostar disto?

— Hum… Sinceramente, podia estar a correr bem melhor…

— Ai sim? Então, o que se passa? Não estás a gostar disto?

— Eh pá, então não estou? Eu estou a adorar isto…

— Ah, a sério? Então e do que estás a gostar mais até agora?

— Sinceramente, estou a adorar tudo.

— Tudo, tudinho? Não podes ser mais especifico?

— Então não posso…

— Então sê-o…

— Bom, por onde começar?

— Se calhar, pelo princípio… Eh, eh, eh!

— Ah, ah… Uma piada! Ah!

— Eu tenho muito sentido de humor. Bom, ias contar-me sobre o que tens gostado mais hoje…

— Ah, sim, sim… Bom, estou adorar tudo. Desde o ter acordado às 6 da manhã para entrar às 7 horas. Depois, honestamente, adoro o facto de a empresa estar localizada a cerca de 20 quilómetros da minha casa, o que me irá obrigar a gastar mais dinheiro em combustível do que esperava. Depois, adoro o facto de só ter meia-hora de almoço, o que me obriga a ser tão rápido a comer, que mais vale começar a passar o almoço pela batedeira, fazendo assim uma espécie de batido que me ajudará a ingerir o almoço muito mais rapidamente, e ainda sobrar tempo para ir à casa-de-banho. E estou a adorar o facto de estar há 6 horas consecutivas em pé — o que é um exercício excelente para fortalecer os músculos das pernas e da coluna. Por isso, é bastante óbvio que estou MESMO a adorar tudo isto… Ah, e ainda adoro ser sarcástico, caso não tenha reparado…

— Ah, ainda bem… E sabes que mais? Amanhã há mais!

— Yupi…

Bom, ficamos por aqui… Já podem ir para a praia, vá… Adeus… (E espero que comam muitas bolas de Berlim, que se esqueçam que estão a fazer a digestão e que entrem na água fria de estômago cheio… Seus, seus… veraneantes…)

Isto é que é uma “Vida de Cão”, hem…