A Ilha Deserta – Parte 1 – Amílcar Monteiro

NOTA PRÉVIA: Aqui vai uma pequena história de duas partes. A primeira é apresentada agora e a segunda parte será apresentada a 22 de Outubro de 2027. Ou então para a semana. Bem, o melhor é mesmo o leitor ler esta parte agora e, pelo sim pelo não, voltar para a semana para ver se está cá a segunda parte. De qualquer maneira, para ficar já a saber ao que vai,  não prometo grande história. Dito isto, vou calar-me e contar a dita cuja:

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Numa noite idílica de verão, um cruzeiro navega pelas águas quentes e pacíficas de um qualquer oceano. A bordo, os passageiros divertem-se com uma festa de arromba que está a acontecer. Subitamente, o cruzeiro começa a afundar-se. Não, não vou dizer o motivo pelo qual se começou a afundar. Lamento, mas a história é minha e, como tal, conto-a como bem entender. Vamos prosseguir.

Os passageiros apressaram-se todos a correr para os botes salva-vidas e rumaram em direcção ao oceano desconhecido, para escaparem de uma morte certa. Infelizmente, de todos os botes, apenas um conseguiu atingir terra firme. Nele estavam seis pessoas: um DJ, um gestor, um engenheiro informático, uma apresentadora de TV/modelo/actriz, um copywriter e uma decoradora de interiores. Após algum tempo de conversa, que oscilou entre lamúrias pelo que aconteceu e alívio por estarem vivos, o grupo concluiu, terrificado, que o sítio onde estavam era uma ilha deserta.

Assumindo a liderança a que estava habituado, o gestor referiu que ainda passariam alguns dias até equipas de busca atingirem a ilha, pelo que seria melhor eles começarem, de imediato, a construir um abrigo. Todos concordaram e decidiram construir uma cabana. Assim, o gestor instruiu a todos os outros que a construíssem, enquanto ficou a pensar como rentabilizar a cabana para seu benefício próprio, depois de construída. O engenheiro informático começou então  a construir a cabana, mas na sua mente, em código binário. Por seu lado, o DJ lembrou-se da música ideal para a construção de uma cabana. A decoradora de interiores referiu que, depois de construída a cabana, ela própria a decoraria, seguindo o tema “Tropical Chic”. O copywriter teve uma ideia espectacular, envolvendo uma cabana, para uma um anúncio a uma marca de preservativos. Farta da apatia dos companheiros, a apresentadora de TV/modelo pegou num pau e, utilizando-o para mimetizar um microfone, começou a perguntar a todos eles que três objectos levariam para uma ilha deserta.

Apercebendo-se de que ninguém sabia construir uma cabana, a decoradora imaginou que durante o resto da sua vida poderia nunca mais ver um interior, sofreu  um ataque cardíaco e caíu inconsciente. Imediatamente, o gestor instruiu os seus companheiros a fazerem reanimação cardio-pulmonar à decoradora. Assim, o DJ lembrou-se de uma batida que tinha no computador, em que o bombo era composto por batimentos cardíacos. O copywriter pensou que, um ataque cardíaco simulado, poderia dar uma óptima campanha de marketing de guerrilha.  O engenheiro informático referiu que nada podia fazer, porque o problema era de hardware. A apresentadora de TV/modelo/actriz disse, lacrimejando de emoção, que não gostava nada de ataques cardíacos e começou a desfilar como forma de apoiar as vítimas dessa patologia.

Continua…

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NOTA POSTERIOR: Pronto, esta foi a primeira parte da história. Eu disse-lhe que não ia ser nada de especial, por isso agora não se queixe. Para a semana, é possível que apareça a segunda parte. Não lhe dou total certeza, no entanto, pois a vida é muito incerta. Mas garanto-lhe uma coisa: para a semana não aparecerá a terceira parte. Dou-lhe a minha palavra de honra. Assim sendo, apareça aqui para a semana à mesma hora.



Crónica de Amílcar Monteiro
O Idiota da Aldeia
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