O Amor é algo estranho e insensato. Talvez não tão estranho, já que existe em todas as culturas, mas positivamente insensato. É algo impulsivo, que não deve ser reprimido, mas que pelo contrário ser expresso ao mundo. Seja por um grito ou por um sussurro, numa frase atrapalhada e gaguejada até mais não, ou numa declaração convicta e segura.
Hoje parece uma vergonha. Os namorados beijam-se pelas ruas, trocando beijos de língua, carícias incessantes e urgentes. Sendo assim, até deveria haver mais proximidade, mas não é o que acontece.
Já não se namora á janela, não se trocam flores sem cartão. Agora são as mensagens por telemóvel, as chamadas, as fotos trocadas no intervalo do almoço. Cada vez namoramos mais e mais depressa, uma semana é um, na semana a seguir é outro. Amamos num dia e noutro já não, a palavra amo-te é fácil e descartável. Até aos amigos já se diz, às “Melhores Amigas Para Sempre” que por acaso são sempre até para a semana, ou até ao mês que vem, porque o amo-te para essas se desfaz em espuma.
Tenho um “feeling” de que , apesar de toda a importância que se dá à palavra, esta nunca é dita a quem devia ser. Por vergonha ou medo de ser “lamechas” a nossa mãe, o nosso pai, nunca recebem um amo-te como deve de ser. Ou este é dito de forma desprendida, ou nas horas de aflição, ou simplesmente nunca é pronunciado .
Talvez porque as coisas mais importantes são as mais difíceis de dizer:
Amo-te mãe, amo-te pai.
E acabo dizendo que nunca é tarde para expressar o amor que sentimos a quem sempre esteve lá para nós.
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